Nessa época, surgem as previsões para o ano que vem. Cheguei a pensar em uma coluna com as minhas. Mais aí me lembrei da história que contarei a seguir:
Final da década de 80, eu ainda estava na faculdade quando fui convidado a trabalhar, voluntariamente, para um pequeno jornal da comunidade judaica de Porto Alegre, o Shofar, que tinha como editor-chefe o querido Carlos Stein.
Minha pauta era o Bar João, tradicional ponto encontro dos patrícios, na Osvaldo Aranha. Cheguei lá em um começo de tarde. Me apresentei ao proprietário e perguntei se havia ali, naquele momento, um cliente judeu com quem eu pudesse conversar. O dono do bar apontou para um senhor grisalho, certamente com mais de 75 anos, sozinho em uma mesa.
Fui até ele, me apresentei, falei o nome do meu pai e do meu avô e comecei a fazer perguntas. A última delas: “Como o senhor acha que será o futuro do Bar João?”.
O velho judeu ficou calado por alguns instantes. Então disparou, levemente impaciente:
“Futuro? Tu quer saber do futuro? Volta daqui a uns 30 anos que eu te conto”.