A questão, no Brasil, não é ser contra ou a favor da corrupção. A questão é definir claramente o que o termo significa.
Para Lula, por exemplo, comprar partidos e deputados não é corrupção, mas sim uma necessidade para viabilizar a aprovação de projetos que considerava importantes. Rifar as diretorias da Petrobras do jeito que foram rifadas era apenas mais uma peça desse mesmo jogo. Para Bolsonaro, abrir as torneiras do orçamento secreto em véspera de votação no Congresso não é corrupção, é governabilidade. O que importa é impedir a iminente revolução comunista. Quem é capaz de fazer isso? Ele, o herói, o corajoso, o único, Jair Messias Bolsonaro. Rachadinha em gabinete de filho? Todo mundo fazia.
Para boa parte dos políticos, corrupção, em resumo, é algo que só diz respeito ao outro. Hitler não se considerava um criminoso, mas sim o salvador da Alemanha.
Tenho a impressão de que, se alguém pedisse para os pré-candidatos à Presidência definirem conceitualmente e claramente o que é corrupção, eles gaguejariam. Mas de perguntasse se são contra, responderiam, empertigados, um sonoro “sim”, de bate pronto.
De acordo com várias fontes, “corromper” é uma palavra de origem latina que significa, na sua origem, “quebrar em pedaços”. É esse sentido de machucar, macular e sujar a integridade de um propósito, de um órgão público, de uma empresa, de um governo ou de uma ideia que deveria balizar a o debate. Ou seja, até mesmo o significado da palavra corrupção, vejam vocês, está assustadoramente corrompido no Brasil.