Pessoas têm total direito a não se vacinar, mas precisam arcar com as consequências dessa decisão. Uma delas é ficar confinado em casa, para não agredir o direito individual e coletivo de quem optou pela imunização. É o que está acontecendo na Áustria, um país democrático e desenvolvido. Embora pareça radical, a medida é justificável do ponto de vista democrático: não há agentes do governo invadindo as casas com seringas nas mãos e fica nítida a intenção de preservar vidas, mesmo as de quem se nega a buscar a vacinação.
Nesse grupo, se destaca uma grande divisão, seja na Áustria, no Brasil e ou no resto do mundo. Existem os que duvidam da ciência e agem movidos por convicção ideológica. E há os que têm medo. Seja da agulha ou de eventuais efeitos colaterais. É um erro tratar a todos de forma simplificada, como “negacionistas”. O medo é um sentimento legítimo, que não se combate com gritos e com acusações, mas sim com argumentos e com acolhimento.
Ao impor o confinamento aos que não se vacinam, o governo da Áustria dá um sinal positivo em nome da liberdade. E da maioria. Vale lembrar que essa medida está aplicada quase dois anos depois do começo da pandemia, quando tudo já foi tentado e, mesmo assim, milhões de pessoas se recusam a aceitar a solução.