É tão simples, que parece complexo: as máquinas estão aprendendo a pensar como pessoas. E isso acontece porque as pessoas programam as máquinas para pensar. A inteligência artificial (IA), já simula decisões e até emoções humanas. Esse mundo vem sendo construído sobre dois caminhos. Um é o das redes neurais, que reproduzem o que acontece no cérebro humano (aprender com a experiência). A outra escola é a simbólica, baseada na lógica do raciocínio (razão).
Há mais de 20 anos, quando IA era algo tão remoto quanto é hoje um campeonato de futebol intergaláctico, o pesquisador gaúcho Luis Lamb profetizou que, no futuro (hoje), as duas formas de pensar inteligência artificial – redes neurais e simbólica - seriam integradas. Agora, essa linha de pesquisa vem chamando a atenção de círculos acadêmicos e econômicos mundo afora. Lamb, professor da UFRGS e atual secretário de Inovação do RS, nunca foi tão citado em artigos e palestras.
— É cada vez mais claro que a integrações destes paradigmas pode trazer grandes avanços tecnológicos e econômicos — afirma Lamb.
— E Porto Alegre está dando sua contribuição — completa.
Um exemplo hipotético de integração, cada vez mais próximo do cidadão comum:
Sensores espalhados pela sua casa percebem que você está com os olhos levemente mais fechados do que o normal às 7h02min e que você caminha 2,4 % mais devagar entre o quarto e o banheiro naquele dia. O programa de computador sabe que você chegou mais tarde na noite anterior e percebeu que você demorou para adormecer. Como isso já aconteceu antes e, comparando com a média do seu comportamento diário, o sistema passa à cafeteira a instrução de fazer o café mais forte naquela manhã. O aprendizado (neural) e o raciocínio (lógico) estão integrados e atuam em conjunto para lhe ajudar a enfrentar o dia com um café mais forte.
No futuro, nem tão distante assim, sua cafeteira saberá exatamente como e que horas deve preparar o seu café a cada manhã.
E vai saber, sem que você diga uma palavra, que naquele dia você prefere chá. Ou suco de laranja. Coado.
A inteligência artificial vai conhecer você melhor do que você mesmo. Os ganhos, riscos e desafios dessa nova realidade são enormes. E já se apresentam na nossa rotina, sem que a gente sequer perceba. Se você terminar de ler esse texto no computador, comentar com alguém, compartilhar o link e logo depois receber uma propaganda de algum produto sobre inteligência artificial, não é culpa minha. Juro.