Em 19 de março desse ano, mais de um mês antes da instalação da CPI da Covid, publiquei um texto com o título: “Conte tudo, presidente Bolsonaro”. Escrevi motivado por uma daquelas conversas sobre vários assuntos com apoiadores na porta do Palácio. Uma frase, perdida entre outras, me chamou a atenção. Passou quase despercebida na época.
Meu texto começava assim: “Depois de demitir o general Eduardo Pazuello, o capitão Jair Bolsonaro fez uma das revelações mais bombásticas da sua gestão. Tentando elogiar o ex-auxiliar, o presidente ressaltou o excelente trabalho realizado. Explicou que foi implementada uma ‘assepsia’ no Ministério da Saúde, deixando bem claro que ações enérgicas e eficazes foram tomadas contra a corrupção em das mais áreas mais importantes e mais irrigadas por recursos em Brasília”.
E terminava assim:
“É estranho que Jair Bolsonaro não tenha, ao seu melhor estilo, apontado nomes e valores desse escândalo que jura ter descoberto. E combatido. Ainda mais se a culpa é, como sempre, do PT ou da conspiração secreta de governadores. Vou além: se uma assepsia tão sensacional foi mesma feita, é direito da opinião pública conhecê-la, nos mínimos detalhes”.
Ou seja, Bolsonaro sabia que havia corrupção na Saúde. Agora, porém, fica cada vez mais claro porque nomes nunca foram dados. A assepsia, na verdade, foi só um paninho que não chegou nem perto da sujeira embaixo do tapete.