Pode ter sido apenas um acidente. Mas o incêndio no prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado foi, intencionalmente ou não, a maior queima de arquivos da História do Rio Grande do Sul.
Impossível avaliar o que se perdeu nas chamas. Além dos danos concretos, que incluem vidas humanas, há também uma simbologia, paradoxalmente, revelada pela fumaça.
O QG da Segurança deveria ser o prédio mais seguro do Rio Grande do Sul, com todos os seus mecanismos de prevenção e combate a esse tipo de incidentes atualizado e operantes. Pelo que se viu, não era essa a realidade.
Há cerca de dois meses, a Justiça estadual sofreu o seu maior ataque externo em toda a História do Rio Grande do Sul. Todos sistemas foram desligados, e os prazos dos processos, interrompidos. A recuperação foi cara e demorada. Sempre há perdas nesses casos.
É prematuro unir os dois fatos (incêndio + ataque hacker) em um só enredo. Mas é fato que o Rio Grande do Sul se mostrou vulnerável em áreas interligadas pela extrema delicadeza, relevância e impacto das suas ações.
A polícia pega fogo e a Justiça sai do ar em um curtíssimo espaço de tempo. É um dever moral, democrático e inadiável descobrir e contar essas histórias com todos os seus detalhes.