No mundo inteiro, o canabidiol, substância extraída da cannabis (planta da maconha), vem sendo cada vez mais utilizado. Em Porto Alegre, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul já vem desenvolvendo, há algum tempo, pesquisas nessa área. Com absoluto rigor científico, cuidado técnico e orientações de órgãos como Polícia Federal, a UFRGS já tem capacidade de produzir a substância, que é usada em tratamento de doenças como epilepsia e para dores o alívio de dores crônicas. É um mercado bilionário e em expansão acelerada.
Um dos projetos em estudo contempla a utilização de matéria prima apreendida do tráfico, que é escoltada até a universidade e, depois de utilizada, tem seus resíduos novamente transportados pela autoridade policial para a incineração.
A UFRGS e a pandemia
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem demonstrando uma elogiável postura participativa e colaborativa no combate à pandemia. Foram mais de 300 ações até agora, que passam pela cedência de veículos, fabricação de álcool gel, projeto de um freezer mais barato para armazenar vacinas, confecção de equipamentos de segurança e análise de milhares de testes para detectar a doença.
Um novo capítulo desse esforço coletivo está sendo construído. Conversas com a Fiocruz estão em andamento. A UFRGS tem capacidade e vontade de produzir, em escala maior, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), substância que provoca o organismo para que comece a se defender de um micro-organismo invasor.
A UFRGS e o futuro
Em meio ao bombardeio, a movimentações pelo seu impeachment e à disputa de poder interno, o reitor da UFRS, Carlos Bulhões, vem investindo tempo em panejar o futuro da instituição. Bulhões entende que o financiamento do ensino superior público é um dos grandes desafios da universidade, que vem sofrendo cortes de orçamento do governo federal.
O reitor enxerga alguns caminhos. Um deles, abrir ainda mais a universidade para a cooperação externa, participando de projetos que agreguem valor para todos os envolvidos, principalmente para a sociedade. A outra frente é distribuir internamento de forma mais equilibrada as verbas já viabilizadas por parcerias externas, que tem maior geração de receitas em algumas áreas mais vocacionadas. O reitor acredita que é preciso pensar a universidade como um todo e garantir que os faculdades com menor potencial de geração de receita, pela sua própria natureza, continuem oxigenas e ativas.
Bulhões enfrenta resistências internas desde a sua eleição. Apesar de não ter sido mais votada na disputa interna, acabou escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, o que é legal, mas contraria uma tradição da universidade.