Autor do Dicionário de Porto-Alegrês, o professor Luis Augusto Fischer tem a resposta para a polêmica instalada nas redes sociais: o comediante Dilson Neto, o Nego Di, participante do BBB 21, fala porto-alegrês ou gauchês? O debate, visto com um certo estranhamento no restante do país, divide quem é da Capital e do Interior do Estado.
Mestre e doutor em Literatura Brasileira, Fischer ressalva, inicialmente, que é preciso algum cuidado no uso dos dois termos.
— Essas linguagens ou dialetos não têm uma descrição precisa. Quando fiz o dicionário, chamei de porto-alegrês, basicamente, porque se trata de uma fala de Porto Alegre que tem alguma coisa de vocabulário local — explica.
No interior do Rio Grande do Sul, a pronúncia é mais seca, a linguagem mais campeira e as vogais mais econômicas, explica. Em Porto Alegre, há um vocabulário que é da cidade, um pouco mais ligado à noite, às gírias das juventudes. Além de o linguajar ser diferente na Capital, a prosódia também é distinta.
Para pessoas de outras regiões, pode não fazer diferença. Mas, sim: Nego Di, garante Fischer, fala porto-alegrês.
A polêmica, na avaliação do professor, se deve ao gosto das pessoas de marcar diferença e ajuda a explicar o fato de seu dicionário, lançado ainda em 1999, registrar interesse até hoje. Fischer também acompanha o debate com atenção. Considera que essa é uma prova de vitalidade da língua.