
Muitos dos que cobravam uma política nacional de vacinação, apenas porque ela não existia, agora defendem a anarquia seletiva, tratando o governo federal como intruso na hora de formular políticas que garantam a imunização de todos os brasileiros. Por isso, o ministro Eduardo Pazuello, que pode ter vários outros defeitos, está absolutamente correto quando defende o protagonismo do Ministério da Saúde nessa questão. Mais do que protagonismo, existe uma responsabilidade a ser exercida por Brasília. Ela se reflete na capacidade de olhar o país como um todo e, com isso, alargar gargalos logísticos, fazer valer prioridades e gerir o calendário. Há também os ganhos financeiros de uma negociação em volumes maiores com os fornecedores.
Se governadores e prefeitos começarem a comprar vacinas por aí sem um projeto mais amplo, quantas doses o Ministério da Saúde precisará adquirir? Impossível planejar.
Em vez de coordenar esforços, governadores e prefeitos querem agora os louros da solução. Querem a foto com a carga de vacinas e a foto com “o primeiro a ser imunizado”. Espero que não cometam esse atentado contra o bom senso e a moralidade. No meio do bate boca, o que se vê é o exemplo perfeito de mutação de um velho ditado: quando um não quer, dois não politizam.