Ricardo Gomes é um liberal convicto, com trânsito em instituições junto aos adeptos dessa corrente de pensamento. Não resta dúvida de que o apoio desse segmento, que na eleição passada apoiou Nelson Marchezan, foi muito importante para a vitória de Sebastião Melo. Desde a campanha, Ricardo Gomes vem dizendo a interlocutores próximos que não gostaria de integrar o secretariado.
Os motivos são, basicamente, dois. Primeiro, para evitar desgastes gerados pela subordinação direta ao prefeito. Trata-se de um movimento voltado a preservar a harmonia da relação, já que ambos foram eleitos e, se virasse secretário, Gomes se colocaria em posição de, eventualmente, pedir demissão ou ser demitido, o que seria fatal para a saúde da parceria.
O segundo motivo de Gomes, igualmente legítimo, é garantir pelo menos mais um liberal da gestão. Se ele virasse secretário, esse espaço já estaria ocupado. Por isso, indicar alguém significa dar mais peso ao segmento que representa dentro do governo.
Na política, porém, a prática muitas vezes impõe a necessidade de flexibilidade e adaptação. Mais do que tudo, Ricardo Gomes quer que o governo Melo dê certo. Mas a vontade do vice é permanecer como vice.