Seja qual for o resultado das eleições, ele conterá uma distorção lamentável, mas impossível de evitar. O Rio Grande do Sul é o Estado mais grisalho do país e Porto Alegre é a capital com maior número de habitantes acima dos 60 anos. O comparecimento desse público às urnas está dificultado pela pandemia.
Os que estão acima dos 70 e, por isso, desobrigados de votar, têm ainda mais motivos para ficar em casa e se cuidar. Essa realidade terá consequências tanto nas escolhas dos prefeitos, quanto dos vereadores.
Para exemplificar, o tema "transformação demográfica" não apareceu no último debate dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Em outras circunstâncias, as políticas públicas para essa fatia cada vez maior do eleitorado certamente seriam alvo de intensos debates.
Sabe-se que o eleitor mais idoso tende a ser mais conservador, decide de forma mais racional e, além disso, quando sabe que vai votar, influencia outros integrantes da família e os amigos. Serve de consolo a certeza de que essa circunstância é transitória e que, já em 2022, a representação política será eleita pela totalidade da população. Por enquanto, a democracia possível é sempre melhor do que a falta dela.