Causou surpresa, durante a campanha, a corajosa afirmação do então candidato Jair Bolsonaro de que não entendia muito de economia e que, por isso, Paulo Guedes cuidaria da área depois da eleição. Bolsonaro foi duramente criticado pela humildade que se provou, nos primeiros meses de gestão, absolutamente acertada.
Seria bom para o país – e para o presidente – que a mesma postura fosse adotada em relação à medicina. Já escrevi anteriormente: não duvido das boas intenções do presidente, que quer acertar. Só acredito, lendo e estudando o assunto, que ele está errado. Um tipo de erro bem mais grave do que palpitar sobre taxa de juros, porque dessa vez estamos na fronteira entre a vida e a morte.
Bolsonaro fala sobre o que não sabe e tece teorias conspiratórias ao sabor do vento. É essa dimensão pública do presidente que procuro, constantemente, analisar, às vezes usando palavras fortes, mas sem a intenção de ofender.
Não tenho índole, autoridade ou vontade de criticar pessoalmente o presidente democraticamente eleito do meu país, até porque não possuo elementos para avaliar a sua dimensão privada. Desaprovo fortemente a gestão pública que faz da crise, mas não me recuso a ouvir quem pensa diferente – e nem me irrito com a divergência. Não abandonarei, porém, a convicção cívica e patriota de que, além de um Posto Ipiranga, Bolsonaro deveria fazer algumas perguntas ao Hospital Albert Einstein e a todos os grandes centros de saúde do mundo.
E então, humildemente, ouvir a resposta.