O jornalista Caio Cigana colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço.
Ao jurar que Jair Bolsonaro seria o que nunca foi, o hoje ministro da Economia Paulo Guedes teve boa parte da responsabilidade na vitória eleitoral do ex-capitão. Deu um verniz liberal para a candidatura, aumentando a adesão de empresários e do mercado financeiro à opção comprada como a melhor alternativa para garantir a derrota do PT. Ao longo dos primeiros meses, Guedes foi vítima de sua megalomania, entregando muito menos do que prometeu. Mas também, como ocorreu com Luiz Henrique Mandetta, foi sabotado pelo chefe, que agiu como líder sindical na reforma da Previdência e sentou em cima do projeto de reforma Administrativa, por exemplo.
Guedes, agora, está em uma encruzilhada. Se saísse antes da crise do coronavírus, poderia ser acusado pelo crime de abandono de incapaz. Mas teve seus momentos de negação, sem compreender que a agenda fiscalista precisava ser temporariamente engavetada para enfrentar a pandemia. Agora, é atropelado pela ala militar, que tirou da cartola um rascunho de um plano tabajara de obras sem recursos para executá-lo.
O ex-superministro é a bola da vez da fritura. Ruma para a irrelevância no governo que vai se esboroando. Resta saber se vai se sentir humilhado e pedir o boné ou se sentirá na obrigação moral de ir até o fim por ter grande responsabilidade na eleição daquele que só é o que sempre foi.