Foi um rompimento unilateral. O governo disse à empresa administradora do Cais Mauá que não queria conversar, apesar da disposição de ceder do outro lado. Com esse gesto, jogou tudo para a Justiça. Mesmo assim, na semana passada, convocou novamente a imprensa para anunciar mais um ato de bravura: deu cinco dias para que a empresa deixasse a beira do Guaíba. Ou seja: por um lado, o Piratini diz que não quer conversa. Por outro, continua a tratar a empresa como se ela devesse obediência a um ato administrativo, atropelando uma decisão que, dadas às circunstâncias criadas pelo próprio governo Leite, caberia ao Judiciário.
A tentativa de colar na empresa o rótulo de desobediente esbarra no bom senso. Na sexta, a Cais Mauá protocolou um recurso na segunda instância da Justiça Federal – órgão para o qual a discussão se transfere agora – questionando o rompimento unilateral. Depois da briga desnecessária inventada pela PGE e abraçada pelo governador Eduardo Leite, seria de bom tom perguntar à Justiça o que ela pensa sobre o despejo, antes de gritar em uma conversa da qual próprio governo, por vontade própria, desistiu.