Os dois maiores acertos do governo Bolsonaro no Oriente Médio, até agora, foram recuos. Depois de botar os pés pelas mãos e anunciar a mudança da embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, nossa atabalhoada diplomacia recuperou o juízo. No fim, abrimos um escritório comercial na cidade sagrada.
Jerusalém é a capital de Israel e, em tese, é lá que as embaixadas deveriam estar. Mas existe uma distância, no caso longa, entre o ideal e o possível. Os Estados Unidos, pelo seu poder econômico, militar e político, bancou o movimento. Mas o Brasil é um ator insignificante nesse tabuleiro. Não tem credencias para comprar a briga. Ela não é nossa. Importar o conflito para cá não é bom para ninguém.
Agora, a questão do Irã. O apoio, impensado e prematuro, ao assassinato do general-terrorista Qassem Soleimani, nos colocou na linha de tiro. Tanto que o governo americano pediu cuidados redobrados aos seus cidadãos que moram no Brasil. Agora, quando até o irascível Donald Trump baixou o tom, ficamos pendurados no pincel. E, acertadamente, calibramos o discurso.
Em ambos os casos, a falha não foi no mérito. Jerusalém é a capital de Israel e Qassam carregava nas costas centenas de mortes de inocentes. A questão é de forma e de momento. Não basta ter razão. É preciso saber o que fazer com ela.