O repasse do governo federal de R$ 213 milhões para a saúde no Rio Grande do Sul é uma boa notícia. Essa constatação não impede de refletir sobre as distorções do modelo de gestão pública no país. Chegamos ao ponto de festejar quando Brasília faz o que tem a obrigação de fazer. Somos vítimas de uma espécie de Síndrome de Estocolmo. Com sede e fome, veneramos quem nos entrega migalhas que, de fato, já eram nossas.
Esses R$ 213 milhões são fundamentais e muito bem-vindos. Mas, para efeitos de comparação, tramita em Brasília uma proposta de engorde do fundo eleitoral. Para tanto, é preciso realocar verbas de outras áreas. O corte previsto na saúde brasileira para financiar as próxima campanhas é de R$ 500 milhões.
Essa dinâmica que transforma repasses de verbas em favores não é de agora. É uma construção antiga, uma longa tradição de poder centralizado e de paternalismo que nos apequena e nos sufoca. Seja como for, obrigado, senhor presidente. Continue olhando aqui para o sul e nos agraciando com a sua imensa generosidade.