Durante a semana, fui convidado pelo Jair Kobe para participar do Programa do Guri, um show de auditório que faz sucesso às terças-feiras, no Teatro da Amrigs, em Porto Alegre. É um espetáculo divertido e tri família. Plateia lotada. Fiquei ainda mais feliz quando descobri que disputaria um concurso de perguntas com os queridíssimos Claus e Vanessa, dupla pop que voltou há pouco de uma temporada de dois anos nos EUA.
No camarim, além do melhor pastel integral de palmito que comi na vida, rolou aquela conversa gostosa, temperada a adrenalina que antecede a entrada no palco. E aí o Jair, antes de colar o bigodão e se transformar no Guri de Uruguaiana, quis saber porque eles voltaram para esse Brasil tumultuado e inseguro. Lembramos a frase de Tom Jobim: “Morar em Nova York é bom, mas é uma merda. Morar no Rio é uma merda, mas é bom.”
Morar em Porto Alegre é mais merda ainda, mas também é mais bom.
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Eu estava levemente nervoso, porque teria que responder a perguntas e também enfrentar algumas “provas gaudérias”. Fiquei tentando descobrir quais seriam. Ouvido esticado, notei quando alguém do staff falou a um outro colega sobre uma tal prova de chula. Então era isso!!! Gelei. Eu, dançando chula no palco, sob as lentes de centenas de câmeras de celulares. Era o fim.
Tomado pelo pânico e sem que ninguém visse, enquanto o show rolava e ainda não era a minha hora de entrar, fui ao canto mais escuro dos bastidores e comecei a ensaiar: “tã rãn tan tan tarãn tarãn tãn tan”... e sapateava pra cá e pra lá, feito um ganso desajeitado, sobre uma lança imaginária no chão. O vexame era só questão de tempo.
Dez minutos depois, o Licurgo passou com a maldita lança na mão rumo ao palco. Me preparei mentalmente, mas... o desafio na chula era outro quadro, que nada tinha a ver comigo. Confesso que fiquei frustrado. Depois da quinta tentativa, a minha chula até que enganava bem.
Aproveito para dar os parabéns ao Claus e à Vanessa, que ganharam a disputa, apesar do empenho da minha equipe e da avassaladora vitória no desafio da velocidade de descascamento de bergamotas.
O desempate foi na prova musical. O Claus sacou, com cinco notas, que a música era Vento Negro. “Quero luta, guerra não”. A prenda para os perdedores foi um mergulho de cabeça em uma travessa de sagu. Um dos integrantes da minha equipe, voluntário que veio da plateia, se adiantou. Deu tempo de eu enfiar o dedo no prato e provar. Tava muito, muito bom. Se um dia eu for de novo, vou perder de propósito.
E dessa vez, não serei bonzinho. O banho de sagu será meu.