Marciano Testa é um empreendedor puro-sangue. Começou a trabalhar ainda piá. Hoje, é CEO do Agibank, empresa criada por ele aqui no Rio Grande do Sul. Durante a semana, assisti a uma conversa dele com a colunista Marta Sfredo.
Lá pelas tantas, o brasileiro Marciano falou sobre tecnologia e disrupção. Foi meio en passant que ele citou uma das empresas mais intrigantes dessa nova ordem comandada pelas plataformas sem intermediação. A tese faz todo o sentido.
De acordo com Marciano, todos nos enganamos ao pensar que a Uber iria acabar com os táxis. Na verdade, ela vai acabar é com a indústria de automóveis. Hoje, boa parte das gigantescas verbas de pesquisa da empresa estão dirigidas para o desenvolvimento de carros autônomos, sem motoristas, que poderão ser compartilhados a exemplo do que hoje se faz com as bikes nas grandes cidades. Se der certo, não fará mais sentido ter um carro, fenômeno que já dá hoje os seus primeiros sinais de afirmação.
Conheço mais de uma família que vendeu o segundo carro depois de fazer as contas. Mantém apenas um, para os finais de semana. Nos outros dias, usa os aplicativos – mais baratos e menos estressantes. Os impactos dessa eventual mudança serão gigantes. Menos poluição e mais áreas livres nas cidades. Hoje, tanto nas casas quanto nos prédios, as garagens ocupam preciosos metros quadrados.
Movidos a energia limpa, os carros do futuro ajudarão a tornar o petróleo obsoleto e, de quebra, derrubar ditaduras que se sustentam às custas do combustível fóssil. Ninguém mais terá pontos na carteira, multas e número de acidentes cairão radicalmente. Haverá necessidade de adaptações econômicas e a extinção de empregos de uma cadeia que hoje é ramificada e relevante. Mas outros surgirão. Os desafios do futuro são complexos e fascinantes. Mas não custa nada ser otimista e acreditar que, no fim, essas mudanças irão melhorar o mundo.