Há vários enfoques nas decisões do STF que autorizam e impedem a entrevista de Lula na cadeia. Juridicamente, há argumentos tanto para sustentar como para barrar a conversa entre a Folha de S. Paulo e o ex-presidente preso. Luiz Fux e Ricardo Lewandowski têm amparo legal para suas motivações políticas, não no sentido partidário, mas de uma visão posicionada da realidade.
Mas o que acorre, nesse e tantos outros casos recentes, é uma perigosa subversão de papeis. A efervescência de entendimentos, dentro dos limites da lei, sempre foi uma característica do primeiro grau. Na hierarquia em forma de funil invertido dos tribunais, a Suprema Corte deveria ser o ponto de equilíbrio, de convergência e de pacificação.
Nesse impasse entre Fux e Lewandowski, é fundamental esquecer quem seria o entrevistado. Não é papel da Justiça definir o que é o que não é pauta jornalística, ainda mais vinda a solicitação de um veículo que tem nome, endereço, centenas de milhares e leitores e uma longa história na imprensa brasileira.
O STF fragmentado e conflituado é um mau sinal para o Brasil. Um veículo de comunicação ser impedido de realizar uma entrevista é um sinal pior ainda.