Vi um filme esses dias. Chama-se A Beleza Colateral. É a história de um pai que perdeu sua filha. Mesmo no mais triste dos acontecimentos, se abrem janelas de luz. O resto eu não conto, para não atrapalhar a emoção de quem ainda não viu.
Lembrei do enredo ao acompanhar os desdobramentos das manifestações racistas aqui nos Estados Unidos. Fazia tempo que não se discutia nazismo e supremacia racial dessa maneira. Há os exageros, os destemperos, as imbecilidades. Mas há a beleza colateral.
Tenho lido opiniões e análises profundas e pertinentes. Não preciso ir longe. Os textos do David Coimbra são magistrais. Vão muito além das picuinhas locais e do provincianismo. Há milhares de artigos, posts, imagens e sons em dezenas de idiomas.
Pessoas do mundo todo lembrando a História que não pode ser esquecida. Há a imagem viralizada de Marianne Rubin, uma velha senhora segurando um cartaz em Nova York: "Eu escapei dos nazistas uma vez. Vocês não vão me derrotar agora".
Se, por um lado, as mortes de Charlottesville são mais uma mancha na História, por outro, reafirmaram a derrota de uma ideologia. A reação foi mais forte do que a agressão. Infinitamente maior. É a beleza colateral, que se revela quando a gente não quer. Mas está aí. E não é pecado admirá-la e se comover com ela.