O governo Sartori tem a chance de fazer, no fim, o que deveria ter feito no começo. Um plebiscito que paute, de forma corajosa, a discussão sobre a reforma do Estado. O melhor momento não é agora, mas em 2018, junto com a eleição.
Primeiro, porque será mais barato, uma vez que a estrutura já estará montada.
Segundo, porque a realização da consulta popular coincidindo com a escolha do novo presidente, governador, deputados e senador contaminará de forma positiva o debate.
Terceiro, porque garantirá a participação de todos e não apenas das minorias retrógradas e organizadas.
E esse debate é fundamental.
A reforma do Estado deixou, há tempos, de ser uma questão ideológica. Se transformou em uma necessidade de sobrevivência. Nesse contexto, a venda, fechamento ou federalização de estatais é um movimento decisivo. Não se trata de furor privatista. Ao contrário. É furor estatista. Porque do jeito que está, a máquina pública gaúcha é uma engenhoca pesada, ineficiente, cara e à beira do colapso.
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Sartori demorou demais para investir de forma consequente nessa discussão. Exagerou numa visão política tímida e equivocada. Com isso, deixou o Estado patinando. Se acomodou no discurso da crise e não conseguiu, até agora, mostrar com clareza um caminho de esperança.
Se o esfacelamento da base na Assembleia não se reverter, um plebiscito sobre o futuro da CEEE, da CRM e da Sulgás, em 2018, será uma forma de compensar o erro. Porque dará ao Rio Grande do Sul a chance de decidir sobre o seu futuro.
Se o governo Sartori quiser mesmo deixar um legado, a chance é 2018.
Numa campanha honesta, terá o dever de desvincular a reforma do Estado da aprovação ou reprovação do governo. O plebiscito, para ter chance de vitória do bom senso, deverá ser suprapartidário.
Esse é o grande desafio.
Mostrar aos gaúchos que eles podem votar em qualquer candidato e também a favor de um Estado mais forte e focado no que realmente sabe e deve fazer. Seria lindo assistir a uma campanha eleitoral que discuta o que nós, gaúchos, queremos do nosso Estado. Para que possamos ter serviços de qualidade, policiais bem pagos e treinados nas ruas, hospitais modernos, professores motivados, currículos alinhados com as exigências do século 21 e escolas sem goteiras.
Fazer um plebiscito em 2018 é o remendo que pode sair melhor que a encomenda. É arriscado, mas talvez seja a única saída que nos resta.
Um plebiscito sobre o Estado e não sobre o governo. Um plebiscito para ouvir todos gaúchos, não apenas o barulho das corporações. Será a chance de mudar o julgamento que a História fará sobre os anos Sartori.