Pais e mães tentam, bravamente, organizar a relação entre os filhos e seus telefones celulares. Estabelecer limites no uso da tecnologia em nome da interação com os semelhantes é uma causa nobre. Mas tem a hora do cessar-fogo: o celular é um baita aliado nesses tempos de violência e de loucura. Especialmente quando nossos filhos estão longe de casa, é preciso saber sempre se eles estão bem.
Sábado, quase meia-noite. Minha filha sumiu. Foi a mãe de uma das colegas que nos alertou. Nem minha filha, nem as amigas e nem o pai que as buscou no shopping atendiam às chamadas.
Eu já havia dado boa-noite pra minha filha por mensagem. Mas a situação exigia um novo e urgente contato. Começou um desfile de horrores na minha cabeça. Por fora, tentava manter a calma. Minha mulher também. Mas sabíamos bem do desespero um do outro. Devem ter ido ao cinema e desligado os telefones. Foi a melhor explicação que encontramos enquanto a bombardeávamos, além das colegas, com chamadas não atendidas, mensagens de uats e de Insta. Eu olhava petrificado para a TV enquanto fazia os cálculos e tentava me livrar das hipóteses que eu mesmo inventava.
Passaram-se cinquenta minutos intermináveis. Vou esperar mais 10, pensei. Se minha filha não fizer contato, o primeiro passo será uma ida até a casa onde deveria estar. O primeiro e o último, eu desejava, em meio à angústia camuflada.
Foi então que meu celular tocou. Voz assustada. "O que houve, papai?". Minhas pernas ficaram frouxas, meu coração disparou ao ouvir a vozinha que eu tanto amo. Expliquei que estávamos preocupados, que ninguém atendia aos celulares. E ela, assustada com o meu susto, explicou: "A gente deixou os celulares no quarto para não ficarmos grudadas neles e podermos conversar na sala". O pai da amiga já estava dormindo há horas, completou. Ponderou que já havíamos nos dado boa-noite e, por isso, havia relaxado com o telefone. Sem que eu pedisse, me enviou uma foto de onde estava.
Meu alívio foi invadido por um certo constrangimento. Me dei conta de como era contraditória a minha expectativa. "Te livra do celular, mas não te livra do celular". Pais, esses seres estranhos e preocupados.
No fim, elogiei-a por ter largado o celular para conversar. Meio triste, não me restou opção a não ser combinar com ela que, da próxima vez, mande uma mensagem avisando. A que ponto chegamos, pensei, chateado. Fui dormir orgulhoso da minha filha.
E aliviado porque, enfim, estávamos todos bem. Até botei o celular no modo silencioso.
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ROUBALHEIRA
Entre ressarcimentos e acordos, a Lava-Jato já recuperou, em suas 38 fases, R$ 50,7 bilhões. E ninguém sabia de nada...
HD
Uma certeza sobre Inter e Corinthians pela Copa do Brasil. Vai ter piada com DVD.
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DESAFIO
O gaúcho Márcio Pizzato assume no dia 29 como diretor administrativo-financeiro da Central Nacional Unimed. Terá sob sua responsabilidade grandes contratos nacionais. Itaú e Ambev são dois deles.
DE PONTA
O Programa de Cirurgia de Epilepsia do Hospital São Lucas da PUCRS e a Universidade de Exeter, na Inglaterra, estão juntos para melhorar o diagnóstico e tratamento de pacientes com epilepsia. Os ingleses estarão em Porto Alegre para o seminário Epileptogenic neural networks: From computer to patient, no dia 17 de março.
TRIBUNA - AQUI, O LEITOR TEM A PALAVRA FINAL
Sobre a opinião de que o depoimento de Lula e a entrega da lista de Janot no mesmo dia não foi coincidência e que ajuda a dividir os holofotes sobre as denúncias:
Sensacional! Então, quem está na gaveta? O Janot que fez a agenda no STF ou o juiz federal que marcou a audiência judicial. Tá! Foi o Lula.
Ricardo Giuliani (Twitter)
Sobre a pergunta "O que vai sobrar de Brasília depois da lista de Janot?":
Tchê, dias atrás foi publicado na capa do teu jornal que, dos 55 da lista do Janot, apenas quatro foram indiciados, então nada aconteceu correto, apenas esse povo ignorante que não enxerga. Cara, você é outro demagogo igual ao Lasier Martins. Burguesinho do Bonfa.
Roberto Dill de Farias
Sobre a opinião de que o goleiro Bruno tem direito a uma chance de ressocialização, mas não no futebol, porque esse esporte serve de inspiração para crianças:
Também concordo que as crianças (e penso que até alguns adultos) se espelham nos jogadores de futebol. Contudo, ele sequer foi condenado. E, mesmo que tivesse sido condenado, ele tem o direito de recomeçar. Se, por um infortúnio da vida, em um momento de loucura, em uma briga de trânsito, você empurrar outro motorista, e este bater com a cabeça no meio-fio e vir a óbito?? E você for preso e condenado!!! Ao cumprir ou progredir a sua pena, você acharia justo que as empresas de comunicação lhe fechassem as portas??
Sérgio Queiroz
Sobre o desserviço que as arbitragens ruins prestam ao futebol:
Não deveria ter publicado o tópico"Descritérios" logo após o Gre-Nal?
Hilário Ritter
Sobre a coluna e o colunista:
Uma grande mobilização nas ruas contra o governo Temer, com milhares de pessoas nas ruas, mas nenhuma linha na tua coluna. Que baita serviço estás fazendo. Baita jornalista. Bem diferente quando envolve a defesa do que está aí. Ontem, dia 15, a tua nota induzindo à calma após a lista do Janot (são suspeitos, investigados e julgados é o longo da democracia) é uma demonstração de como os ânimos podem ser manipulados.
Onélio Santos