É só uma questão de tempo. E, quanto mais tarde, pior. Um dia, governo e sociedade terão de enfrentar de verdade o poder paralelo que se instalou em nossos presídios e que, de lá, comanda esse negócio violento e lucrativo chamado crime organizado. Fizemos tantas concessões, que perdemos o controle.
Retomá-lo não vai ser fácil. Primeiro, será necessário que algum governo se disponha a pagar o preço político. Que será alto. Ônibus queimados, surtos de violência nas ruas, perda de popularidade e cobranças ainda maiores. Foi assim em outros lugares.
Até agora, em maiores ou menores graus, nos ofereceram a velha e inútil política do avestruz. Enterrar a cabeça para fazer de conta que o caos não existe.
Governos eleitos pelo voto têm se mostrado mais preocupados com a falsa estabilidade do que com a solução. E compactuam com acordos tácitos e frágeis. "Vocês não nos criam problemas na cadeia, que a gente faz de conta que não vê o que acontece lá."
O dia da batalha final chegará. Estamos perto. Porque ninguém aguenta mais. E, se o governo não tiver coragem de fazer o que tem de ser feito, verá seus votos fugindo pelo ralo de qualquer jeito.
Seja homem, mulher, rico ou pobre. Alguém cumprindo pena em uma cadeia está, de certa forma, pagando uma conta. Essa conta não pode ser mais cara do que manda a lei. Esse é o ponto de partida para que depois o Estado consiga bloquear celulares e retomar o controle.
Criar mais vagas na cadeia pouco adianta se o modelo não for drasticamente alterado.
Vai custar caro.
Está chegando a hora.
Depois, será tarde demais.
De olho
A Secretaria Estadual da Educação vem acompanhando de perto a recuperação dos dias parados na greve do magistério. Recentemente, uma escola da Região Metropolitana foi orientada a suspender uma das práticas que vinha adotando: na falta sistemática de algum professor, aproveitar o tempo para recuperar horas de outra disciplina.É usar um buraco para tapar outro.
Atalho
Enviado por um leitor do Informe Especial:"Fiquei informado de uma nova maneira das pessoas jurídicas efetuarem doações políticas, hoje proibidas pela legislação.A empresa (PJ) remunera algum diretor ou mais através de bônus e este efetua a doação como pessoa física, quando na realidade os recursos são oriundos da PJ. Naturalmente, tem a tributação do IR no bônus, mas tem também a dedutibilidade na declaração da PF como doação eleitoral.Criatividade não falta!"
Barbeiragens
Vários negócios obscuros foram feitos com o Fundo de Investimento/FGTS, que são recursos dos trabalhadores. Perderam-se alguns bilhões de reais.Estranhamente, as centrais sindicais, nesse caso, abriram mão da contundência na defesa dos seus representados.
Foto do dia
7 de setembro | Porto Alegre: o exército de um homem só
Nada a temer
Depois de uma longa espera, Michel chegou ao seu novo lar. Michel é nome do jaburu – ou tuiuiú – que ganhou uma casa especialmente construída para ele no Gramadozoo. O local foi batizado de Palácio do Jaburu.Michel foi vítima de um golpe. Ficou com uma lesão irreversível na asa, que o impede de voar. Ou seja, Michel ficará na Serra. Sem chance de chegar a qualquer planalto.