Eduardo Cunha falou a verdade. Seu choro seco foi verdadeiro. Ele realmente acredita que está sendo perseguido, que é inocente, que vai provar, que sua esposa é vítima, que a culpa é do PT. Eduardo Cunha falou a verdade.
Hitler tinha a sua verdade. Bolsonaro a tem. Dilma, Temer, Madre Teresa, Argel, você, eu. Cada um tem a sua verdade. No tempo das cavernas, já era assim. Levava a melhor quem tinha mais força física. Uma surra no rival e a mulher desejada puxada pelos cabelos. Estava pronta a verdade.
Entre tantas ideias geniais, Freud construiu uma encantadora: a civilização começou quando, pela primeira vez, um soco foi trocado por um xingamento. Evoluímos desde então nesse negócio de construir verdades. Com o tempo, ficou claro que, em alguns pontos, as verdades precisam ser coletivas. Existem a lei e a moral para isso. Mesmo que sejam imperfeitas e nem sempre respeitadas, existem. São consensos sociais, sem os quais estaríamos condenados ao caos primitivo.
Isso nada tem a ver com liberdade individual de pensamento e expressão. Eduardo Cunha pode pensar – e dizer – que nunca roubou. Não deve ser punido por isso. Deve ser punido por roubar – se a lei e a Justiça assim determinarem.
Algum tempo atrás, o relativismo cultural entrou na moda. Mais ou menos assim: não posso criticar ou condenar aspectos de uma outra cultura a partir da visão da minha própria cultura. Balela. Não só posso, como devo. Há valores universais. Oprimir mulheres e gays, por exemplo, não é aceitável em nenhum lugar, sob nenhum pretexto. E pronto. Não se discute.
Eduardo Cunha tem a sua verdade. Mas existem a lei e a moral para confrontá-la.
Platão comparou a nossa capacidade de percepção da realidade à projeção de sombras em uma caverna. Prisioneiros que nasceram e viveram acorrentados dentro dela não conseguiriam compreender que o mundo vai além dos vultos indefinidos e das nuances de sombra e luz.
No caso de Eduardo Cunha, não existe a desculpa das sombras nas paredes da caverna. Existe uma TV de plasma. Nítida, full HD. Bem parecida com a que ele terá, se a Justiça for justa, na cela onde já deveria estar preso há muito tempo.
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De olho
Pelo menos dois grandes grupos que operam cassinos dos Estados Unidos estão acompanhando de perto a tramitação do projeto que regulamenta o jogo no Brasil. O Las Vegas Sands, do bilionário Sheldon Adelson, e o Station Casinos, dos não menos ricos Frank e Lorenzo Fertitta, só esperam o sinal verde do Congresso para desembarcar no país.
Em caixa
Aqui se faz, aqui se paga.A Ponte Preta repassou ao Grêmio durante a semana o valor do prejuízo causado pelo atacante Clayson. No dia 5 de junho, depois de ser expulso, o jogador chutou – e quebrou – portão eletrônico que separa a zona mista do campo. "A Ponte Preta está de parabéns pelo reconhecimento e pela atitude em ressarcir os danos causados", elogia o presidente da Arena do Grêmio, Marcelo Jorge.
Abraço
A Comissão Especial sobre a Família, criada na Assembleia Legislativa, vai analisar os entraves da adoção no Estado. Na segunda-feira, ocorre a primeira audiência de 15 encontros previstos pelo órgão técnico, presidido pelo deputado Missionário Volnei (PSC).É a primeira vez que uma comissão trata com exclusividade desse tema. Até o final do mês de outubro, serão apresentadas recomendações a outros órgãos e projeto de lei que representem uma ajuda efetiva às mais de 3 mil crianças e adolescentes que esperam por um lar.
Neurônios
Três ministros visitaram na sexta-feira o Instituto do Cérebro da PUCRS. Eliseu Padilha, da Casa Civil, Osmar Terra, do Desenvolvimento Social e Ricardo Barros, ministro da Saúde, que prometeu liberar R$ 10 milhões para investimentos na sede do projeto em Porto Alegre.
Instalações 1
A Bienal do Mercosul sentiu o golpe. Depois de 10 edições, começou a repensar sua missão, objetivos e a estrutura. Em 2015, já sofreu com a falta de verbas. A edição prevista para o ano que vem está envolta em incertezas. A fundação responsável pelo evento está construindo um novo modelo. Assim que chegar lá, ficaremos sabendo.
Instalações 2
O conselho de administração da Fundação Bienal do Mercosul, presidido por Renato Malcon, reconduziu os membros da diretoria da instituição. Seguem à frente da Fundação: José Antonio Martins, Gilberto Schwartsmann, Mathias Kisslinger Rodrigues, Elisabete Lopes, André Jobim de Azevedo, Arthur Bender Filho e Eduardo Sferra Brunelli.