Depois da divulgação de uma gravação em que fala como se a Câmara já tivesse votado a favor do impeachment, o vice-presidente Michel Temer ocupou a tarde com o esforço de reparar o prejuízo. Eram 18h22min quando recebi uma ligação de Brasília no meu telefone pessoal. Abaixo, os principais pontos da conversa com Temer:
O que exatamente aconteceu hoje?
Estava no meu escritório e fui questionado por um amigo sobre a minha postura caso a Câmara decidir, no domingo, por dar sequência ao processo de impedimento da presidente. "Você tem que dizer alguma coisa", me foi aconselhado. Eu não havia pensado nisso, mas entendi que teria a responsabilidade de me pronunciar em um momento como esse. Estou há semanas em silêncio, mas achei que deveria estar preparado para falar no domingo, caso fosse necessário. Peguei o meu celular e gravei, ali mesmo, algumas palavras. Fui enviar para um outro amigo, para que ele degravasse. Assim, poderíamos avaliar e melhorar depois. Acabei enviando para um outro grupo. Infelizmente, vazou. Acho que não dou muito jeito com essas coisas.
Como o senhor avalia as interpretações de que o vazamento teria sido intencional?
Não fazem o menor sentido. Um ato como esse, nesse momento, seria inoportuno. Aliás, foi inoportuno.
Há como corrigir?
Acredito que, com o que estou dizendo agora e com o que já disse hoje, conseguirei corrigir. O que eu disse na gravação é o que eu venho pregando há muito tempo. Aconteça o que acontecer, continuarei defendendo as mesmas ideias de união e de crescimento para o país.
Onde o senhor vai estar domingo?
Vou estar em São Paulo. Não quero ficar aqui durante a votação. Tenho evitado Brasília nas últimas semanas, justamente para que não digam que estou tramando ou conspirando. Mas o governo começou a me fustigar e preciso me defender.
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