Nunca antes um governo estadual teve tanta tranquilidade para governar. Imagino que José Ivo Sartori se sinta pressionado. Em volta dele, todos querem alguma coisa. Mais poder, mais salário, mais atenção. É do jogo. Um político, quando se candidata a um cargo no Executivo, sabe disso. Vai levar chumbo. Da oposição, dos companheiros, dos blogueiros e da mídia.
Só que, de fato, a crise nacional jogou os holofotes na direção de Brasília. O país à beira do abismo é bem mais urgente. O impeachment, as acusações contra Lula, as decisões do STF, as lorotas de Eduardo Cunha. Enquanto isso, por aqui, o Rio Grande definha. Sem saúde, sem segurança, sem perspectiva.
Sartori está completando 14 meses no governo. Foi claro ao diagnosticar onde estamos: no fundo no poço. Mas, até agora, não disse para onde vamos. Sartori é discreto no jogo nacional. O tabuleiro de Brasília parece não seduzi-lo. No cenário local, o governador se beneficia do eclipse federal. Estamos nas sombras. Nenhum contorno é muito nítido. Estratégias para o futuro, caminhos para sair do atoleiro, soluções e prazos. Nada se revela em meio ao caos. Tudo cai na conta desse mesmo caos.
O que se espera é que, quando o palco local voltar a se encher de luz, exista alguma coisa sobre ele. No mínimo, um enredo de estratégia e de esperança. Ou então, o último a sair que apague definitivamente a luz.