O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, começa mais cedo na RBS TV. Às 23h35min desta segunda-feira (7), a Tela Quente apresenta o filme Mulheres ao Poder (Misbehaviour, 2020), também conhecido como Miss Revolução.
Esse é um título que combina mais com esta comédia dramática baseada em uma história real, dirigida pela britânica Philippa Lowthorpe e cheia de nomes concorrentes ao Oscar. Participam Keira Knightley, indicada a melhor atriz por Orgulho e Preconceito (2005) e a coadjuvante por O Jogo da Imitação (2014); Jessie Buckley, que no dia 27 de março disputa a estatueta de atriz coadjuvante por A Filha Perdida (2021); Lesley Manville, que competiu na mesma categoria por Trama Fantasma (2017); e Greg Kinnear, nominado como ator coadjuvante por Melhor É Impossível (1997). Completam o elenco principal a inglesa Gugu Mbatha-Raw, a Ravona Renslayer da série Loki (2021), e o galês Rhys Ifans, o Dr. Curt Connors/Lagarto dos filmes do Homem-Aranha.
Miss Revolução combina mais porque, além de ser sonoramente próximo a Misbehaviour (em inglês, mau comportamento), suas duas palavras apontam para o cenário e o contexto da obra. Estamos às voltas do concurso Miss Mundo de 1970, em Londres, e da ascensão da segunda onda do movimento feminista. Na mesma época, também estava intensificada a luta contra o racismo.
O filme tem uma dezena de personagens que, em um primeiro momento, estão espalhados por quatro núcleos. Aos poucos, as narrativas vão convergindo.
A protagonista é Sally Alexander (papel de Keira Knightley), uma mulher divorciada do pai de sua filha pequena e que conta com o apoio do atual companheiro para tentar uma vaga na faculdade de História. Na entrevista de admissão, a condição de mãe é mais assunto do que os seus conhecimentos. Pior: longe dos olhos dela, os homens da banca atribuem nota aos atributos físicos de Sally.
No ambiente acadêmico, ela conhecerá a ativista Jo Ann Robinson (Jessie Buckley) e o Movimento de Libertação das Mulheres. As duas têm os mesmos ideais, mas temperamentos opostos — Sally é mais certinha, Jo Ann faz pichações. Em uma prova de como é árdua a luta feminina, as reivindicações de 50 anos atrás não são muito diferentes das atuais — direito ao aborto legal, equiparação salarial etc.
Enquanto isso, o casal Eric Morley (Rhys Ifans) e Julia Morley (Keeley Hawes) trabalha na organização da 20ª edição do Miss Mundo. Diante das críticas da opinião pública ao Apartheid, o regime de segregação racial que vigorou na África do Sul de 1949 até o início dos anos 1990, Eric decide, de última hora, convocar uma segunda representante do país africano: além de Jillian Jessup, branca, participará também Pearl Janssen (Loreece Harrison), negra. Há outra candidata negra importante, Jennifer Hosten (Gugu Mbatha-Raw), de Granada, mas a favorita parece ser a loira sueca Marjorie Christel Johansson (Clara Rosager). (Uma curiosidade: a brasileira Sônia Yara Guerra terminou entre as sete primeiras colocadas.)
O quarto núcleo é o do popular comediante nascido em Londres mas radicado nos Estados Unidos Bob Hope (1903-2003), encarnado por Greg Kinnear, que colocou uma prótese no nariz para ficar mais parecido com a lenda do humor. Hope é casado com Dolores (Lesley Manville), mas não pode ver uma mulher jovem que já fica assanhado. Daí que, para desgosto da esposa, logo aceita o convite para apresentar o concurso de beleza.
Que acaba sendo escolhido como palco para um protesto do Movimento de Libertação das Mulheres. Afinal, diz Sally Alexander, "O único outro lugar onde os participantes são pesados, medidos e examinados publicamente antes de receber seu valor é um mercado de gado". Mas as coisas não são tão simples. Se, por um lado, o concurso de miss contribuía para a objetificação da mulher, por outro — e aí entra o tema do combate ao racismo — a valorização da beleza negra cria modelos positivos para muitas meninas que, nas palavras de Jennifer Hosten, "podem começar a acreditar que você não precisa ser branco para ter um lugar no mundo". O contraponto faz crescer o filme, que termina com uma emocionante homenagem às personagens reais daqueles históricos dias de 1970.