Um circuito de cicloturismo, estruturado após 18 meses de preparação, surgiu em dezembro entre as paisagens do Vale do Rio Pardo, com partida e chegada em Santa Cruz do Sul. Iniciativa do Santa Ciclismo, que completa 30 anos em 2023, o roteiro abrange nove municípios. É todo autoguiado e sinalizado (há 157 placas nas 157 encruzilhadas), inclusive com placas backup, e pode ser feito, completo, em cinco dias, com média diária de 60 quilômetros. O projeto ganhou apoio de prefeituras, instituições e empresas privadas e tem três gestores técnicos, todos vinculados à diretoria do Santa Ciclismo.
Quem percorre o Raízes Coloniais tem acesso a um mapa offline, no formato GPX, no site do projeto, pode receber um passaporte para registrar sua passagem pelos pontos de apoio e, se quiser, faz uma contribuição espontânea de R$ 20 para ajudar a mantê-lo. Ao longo do caminho, há 23 locais chamados de Amigo do Ciclista (com paradas de descanso, manutenção para bicicleta, alimentação, hospedagem) e mais de 30 pontos de apoio.
— Quem faz o circuito não vê só as belezas da região, mas pedala ao lado de lavouras das mais variadas, do tabaco à lavanda. Proprietários de empreendimentos foram capacitados em boas práticas pela Emater, orientados a ajardinar suas propriedades, tiveram noções de saneamento básico e ambiental e sobre como receber os turistas — explica Carlos Corrêa da Rosa, 57 anos, um dos gestores, extensionista da Emater que percorreu os quase 300 quilômetros como cliente oculto para avaliar os serviços.
— A ideia é ter uma experiência inesquecível, no contato com a agricultura familiar, com as belezas naturais, com um desafio pessoal. Nos dois primeiros dias há uma geografia mais montanhosa e, nos outros dias, mais plana, sempre com diversidade geográfica e cultural. Para os moradores, a ideia é que turismo rural seja uma alternativa de renda e dê aos jovens mais opções no campo — observa Carlos, ciclista que havia abandonado o esporte e voltou à prática durante a pandemia.
Para os interessados, o site do projeto oferece o Guia do Cicloviajante, dando sugestões sobre preparação física e de segurança. Uma das referências do Raízes Coloniais é o circuito do Vale Europeu, em Santa Catarina, que, ao longo de 13 anos, recebeu pelo menos 4 mil ciclistas por ano.
Outra proposta é promover eventos como um encontro de cicloturismo regional, previsto para maio, em colaboração com a ONG Aliança Bike. Não se tratam de movimentos isolados, o cicloturismo cresceu muito a partir da pandemia e pode inclusive ter uma câmara temática no Ministério do Turismo.
O roteiro
- Tempo: a sugestão para o circuito completo são cinco dias, mas cada um pode montar seu roteiro.
- Distância total: 297,54 quilômetros e 5.639 metros de altimetria (soma de todas as subidas ao longo do trajeto).
- Dificuldade: fácil a moderada, com recomendação de que o ciclista tenha conhecimento básico sobre ciclismo e manutenção. Também é preciso atentar para kits de hidratação e primeiros socorros, protetor solar e repelente de insetos, além de ferramentas para a bicicleta.
- Municípios: com partida e chegada de Santa Cruz do Sul, passa por Vera Cruz, Vale do Sol, Herveiras, Sinimbu, Venâncio Aires, Vale Verde, Passo do Sobrado e Rio Pardo.
- Pontos de apoio: mais de 30.
- Site e redes sociais: circuitoraizescoloniais.com e @circuitoraizescoloniais
Depoimento
Guilherme Alfredo Genehr, 40 anos, professor do IFsul, e Suzana Gervazoni, 32 anos, auxiliar administrativa:
“O circuito Raízes Coloniais abrange a região onde estamos acostumados a pedalar. No entanto, a experiência de percorrer estes caminhos no estilo cicloturismo (viajando de bicicleta), com o olhar voltado para a cultura e o turismo, nos trouxe a sensação de que estávamos muito longe de casa, além de nos fazer perceber a riqueza de serviços gastronômicos e turísticos, como cafés coloniais e prédios históricos. O trajeto foi pensado para ser feito em cinco dias, porém, a Suzana, minha noiva, e eu o percorremos em quatro dias, tempo que tínhamos disponível. É uma experiência, como o próprio nome indica, rural, já que na maioria do trajeto você percorre áreas rurais onde se pode observar o dia a dia das pessoas de culturas diversas, o cultivo de plantações como tabaco, milho, soja, erva-mate e hortaliças, além da diversidade de animais de criação. As histórias ouvidas dos moradores torna a experiência ainda mais rica. Um pouco disso está disponível no Indo de Bike, nosso canal no YouTube (youtube.com/@IndodeBike).”
Roteiro no Pampa
No último dia 15, um outro roteiro de cicloturismo surgiu no Estado, desta vez na região da Campanha. A Ciclorrota Internacional do Pampa, projeto cuja discussão se iniciou ainda em 2017, em Bagé, ganhou a parceria de Aceguá (os dois municípios, o brasileiro e o uruguaio) e da Associação Pampa Gaúcho de Turismo. O circuito, dividido em quatro rotas e autoguiado, tem um total de 194 quilômetros e terreno com poucas elevações, exigindo menos esforço do ciclista. Para mais informações, acesse