Eles não viajam por aí. Fazem expedições. Cada vez que retornam delas, a bagagem de imagens aumenta não só em quantidade, mas em qualidade. E viram livros. Um dois, três... até chegar ao sexto, este que será lançado no dia 23 pelos fotógrafos de Novo Hamburgo Ita Kirsch e Bala Blauth. O título, Terra de Água, é autoexplicativo. O livro, que contou com financiamento da Lei de Incentivo à Cultura, tem curadoria de Fernando Schmitt, textos de Paula Taitelbaum e projeto gráfico de Sauê Ferlauto. E, com esse tema, a água, fiz as seguintes perguntas à Bala e ao Ita sobre as águas doces brasileiras, por onde eles navegaram durante seis meses no ano passado.
Qual a água mais quente?
As cabeceiras ou nascentes são a fonte de água de um rio ou córrego e geralmente têm águas tépidas. A água mais quente na qual nos banhamos foi no Fervedouro Bela Vista, uma nascente no Parque Nacional do Jalapão... Uma delícia.
E a mais fria?
Os rios que correm nos Campos de Cima da Serra com certeza têm águas geladas, ainda mais no inverno. O nosso rio preferido é o Divisa, em São José dos Ausentes. Mesmo no inverno temos de atravessá-lo para fotografar a região. Os pés sofrem com o frio, mas o cenário compensa qualquer esforço.
A mais límpida?
Os rios mais límpidos do Brasil ficam concentrados em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Para fotografia subaquática, o Rio Salobra, em Nobres (MT), foi o nosso favorito. As águas azuis e cristalinas, devido à alta concentração de calcário, são de uma beleza de tirar o fôlego. Para aumentar ainda mais o prazer, é possível visualizar mais de 30 espécies de peixes.
Qual o cenário que os deixou mais tristes?
Atravessar o sertão brasileiro, chegar às margens do Rio São Francisco e constatar que o rio agoniza e seca nos deixou tristes. É um dos mais belos do Brasil, de uma importância gigantesca para toda a região que sofre parte do ano com a seca. Além de abastecer as comunidades, o rio faz parte do imaginário cultural e humano do povo nordestino. É preciso salvar o Rio São Francisco (e muitos outros Brasil afora).
Serviço
Lançamento do livro Terra de Água
Dos fotógrafos Ita Kirsch e Bala Blauth
Dia 23 de novembro
19h
No Planta Baja (Rua Couto de Magalhães, 520, Porto Alegre)
P.S.: por enquanto, o livro pode ser comprado diretamente com os fotógrafos pelo fone
(51) 99989-5588. Ele pode ser enviado por correio para todo Brasil. Em Porto Alegre, pode ser encontrado na livraria Bamboletras.
Cachoeira da Fumacinha, na Chapada Diamantina (BA)
"A queda-d'água mais majestosa do Brasil. É preciso fazer uma trilha puxada, um total de 10 horas para ir e voltar, mas vale cada passo. A visão da cachoeira cercada de paredões rochosos, o silêncio quebrado só pelo barulho da água caindo, mais o banho relaxante no poço gelado fez a gente dar nota 10+ para tanta beleza."
Redemoinhos no Rio Riachão, na Chapada Diamantina (BA)
"Ita fotografou os redemoinhos na água durante o trajeto para a Cachoeira do Buracão, na parte sul da Chapada. Parte da trilha segue ao lado do Rio Riachão e a decomposição de matérias orgânicas produz espumas que ficam dançando com o movimento das águas. É a natureza se exibindo com todo seu esplendor para quem souber olhar!"