Adversário histórico do governador Eduardo Leite, o ex-deputado e ex-prefeito Fernando Marroni (PT) foi eleito com o voto e o apoio discreto dos dois principais líderes do PSDB na cidade. Além de Leite, a prefeita Paula Mascarenhas também abriu voto para Marroni e fez uma defesa consistente da sua opção. O terceiro tucano influente de Pelotas, o deputado Daniel Trzeciak, ficou ao lado de Marciano Perondi (PL), cindindo o PSDB.
Marroni chegou à frente no primeiro turno, com 39,6%. Perondi fez 31,67% e Fernando Estima, o candidato tucano, 20,9%. Estima não abriu voto no segundo turno.
O apoio de Leite e Paula não foi apenas uma retribuição ao que o PT fez na eleição estadual de 2022. Os dois deixaram claro que estavam votando em Marroni por considerá-lo mais preparado para administrar a cidade, já que foi prefeito e deputado federal, conhece os problemas e tem capacidade de diálogo.
Perondi perdeu pela fragilidade dos laços com Pelotas. Apesar do desejo de mudança expresso pelos eleitores, o empresário é um recém-chegado. Natural de Caxias do Sul, mora em Pelotas há apenas um ano e meio e só foi escolhido candidato porque o PL não tinha um nome competitivo nascido na cidade.
O candidato do PL também foi prejudicado pela mudança no rumo da campanha, com a entrada do prefeito de Bagé, Divaldo Lara, na equipe estratégica. A intervenção incomodou aliados do candidato e afugentou eleitores. Para complicar ainda mais sua situação, o candidato fugiu dos debates e apresentou propostas simplistas, como a de levar indústrias do setor metalomecânico para Pelotas (o que não depende dele, mas de uma série de fatores) ou resolver os problemas cortando cargos em comissão e reduzindo o número de secretarias.
Candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, Perondi não capitalizou esse apoio, até porque na eleição de 2022 o presidente Lula venceu em Pelotas, com 56,23% dos votos, enquanto Bolsonaro fez 43,77%.
Aos 102 anos, mãe de Marroni vai às urnas
A vitória na eleição de Pelotas não foi a única alegria do domingo do prefeito eleito Fernando Marroni (PT). Ao meio-dia, Marroni abriu um sorriso de orelha a orelha quando viu a mãe, Lygia Stephan Marroni, de 102 anos, chegar de Rio Grande para votar nele.
Marroni ajudou a mãe a desembarcar do carro e a conduziu de braços dados até a urna. Lygia foi ajudada por uma neta — sobrinha de Marroni — a digitar o número do filho.
Depois de votar, ela ainda concedeu uma rápida entrevista, na qual disse ter orgulho do filho.
— Ah, sou muito orgulhosa por ele. E ele sempre está me cuidando — contou.
Marroni votou depois da mãe, na mesma urna, e vibrou com o gesto:
— É uma grande emoção para mim ter esse voto de uma pessoa de 102 anos que não perdeu a esperança na democracia e em um futuro melhor.