Menos de um mês antes da enchente que abalou o Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite reuniu políticos, acadêmicos e empresários no Palácio Piratini e apresentou as conclusões de um estudo da consultoria McKinsey que embasaria o plano de desenvolvimento sustentável, com propostas para além do seu mandato. Pediu contribuições, criou grupos de trabalho e se preparava para virar a chave da pauta da crise quando veio o dilúvio em versão 2024 e as prioridades tiveram de ser alteradas.
No próximo dia 30, o plano será finalmente apresentado e, com ele, a estrutura da nova Agência de Desenvolvimento, órgão independente que trabalhará para atrair investimentos.
Nesse dia será apresentado o presidente da agência, um nome que o governo mantém a sete chaves, depois de ter tentado, sem sucesso, convencer o economista Aod Cunha — ex-secretário da Fazenda que hoje trabalha como consultor e conselheiro de empresas. Aod não conseguiu conciliar sua agenda profissional e preferiu continuar como conselheiro informal do governo, um trabalho voluntário que faz desde o início do primeiro mandato de Leite.
Tudo o que se sabe que o novo presidente da agência virá do setor privado, é jovem e tem ligações com a área de educação e de tecnologia. Como ainda faltam alguns trâmites para a confirmação, Leite prefere esperar para só anunciar quando tudo estiver 100% certo.
O plano de desenvolvimento sustentável ficará sob o guarda-chuva do Plano Rio Grande, que baliza todas as ações do governo — das obras de infraestrutura às concessões e parcerias público-privadas. O secretário de Comunicação, Caio Tomazeli, ressalta que tudo está interligado. Os subsídios da McKinsey foram incorporados aos estudos e transformados em desafios para os próximos anos.
Relembrando: o diagnóstico apresentado aos empresários naquela quarta-feira, 10 de abril, era dramático, mas não surpreendente. Mostrava que o Rio Grande do Sul perdeu várias janelas de oportunidade enquanto tinha uma população jovem — o conhecido bônus demográfico — e agora terá de lidar com a realidade do envelhecimento. Um dos slides apresentados naquele dia dizia: "Projeções indicam que o Rio Grande do Sul será, em 2060, Estado brasileiro com a menor participação da população em idade ativa".
O plano também foi elaborado levando em conta a realidade das mudanças climáticas, que exigirá mais atenção à defesa do meio ambiente e ao investimento em energias renováveis. A educação de qualidade também estará no foco do plano, partindo da premissa de que o Estado precisa preparar a mão-de-obra do futuro e isso não se faz sem investimentos.