A eleição deste domingo (6) pode ser classificada no Rio Grande do Sul como o pleito da superação. Quando a enchente arrasou o Estado, a partir do início de maio, cogitou-se transferir a disputa, porque parecia impossível imaginar não só a campanha eleitoral, mas a votação nas cidades que ficaram debaixo d’água.
A Justiça Eleitoral entendeu que não fazia sentido transferir a eleição, porque um mês a mais ou um a menos não fariam muita diferença. Deixar para o ano seguinte implicaria prorrogar o mandato para os atuais prefeitos, aumentando a confusão.
Para complicar a situação, uma das sedes da Justiça Eleitoral, no Centro Histórico, ficou debaixo d’água. Dezenas de escolas que abrigam seções eleitorais foram destruídas e precisaram ser reformadas. Cidades como Eldorado do Sul perderam boa parte dos eleitores, porque as famílias deixaram o município. Mesmo com todas essas dificuldades e tendo perdido parte das urnas eletrônicas, o Tribunal Regional Eleitoral promoveu um mutirão e conseguiu organizar a eleição.
O presidente do TRE, desembargador Voltaire de Lima Moraes, lembra que até a posse dele, no início de maio, foi prejudicada pela enchente. Hoje, o TRE ainda funciona com alguns improvisos na sede da Rua Duque de Caxias, mas o processo eleitoral está garantido. Os eleitores terão de conferir se sua seção segue no mesmo endereço ou se foi transferida por causa da enchente, um problema particularmente grave em Canoas e Eldorado do Sul.
Uma das preocupações da Justiça Eleitoral hoje é com a possibilidade de aumento significativo do índice de abstenção e também de votos nulos e brancos. À dificuldade para comparecer às urnas, para quem mudou de cidade, soma-se a descrença com a política.
Não por acaso, a prevenção às cheias e o atendimento às vítimas foi tema da campanha em boa parte dos municípios. O tema das mudanças climáticas, historicamente negligenciado, entrou na agenda, ainda que de maneira superficial. A forma como os prefeitos atuaram antes, durante e depois da enchente deverá impactar no resultado da eleição.
ALIÁS
A Justiça Eleitoral recomenda que todos os eleitores confirmem sua seção eleitoral antes de sair para votar, porque ocorreram mudanças não só pelos alagamentos, mas por fechamento de escolas, caso do IPA, em Porto Alegre.
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