O debate desta quinta-feira (3) na RBS TV será a derradeira chance de os candidatos discutirem temas que, até aqui, passaram à margem da campanha eleitoral. Mesmo com a enchente que arrasou boa parte do Rio Grande do Sul, são escassas as referências ao meio ambiente e a prevenção aos desastres climáticos. Tem-se falado, e muito, de como impedir novos alagamentos, mas muito pouco sobre redução das emissões de gases do efeito estufa, substituição do combustível fóssil no transporte público, geração de energia solar, plantio (ou replantio) de árvores, criação de áreas verdes e destinação correta do lixo.
Tome-se o caso de Porto Alegre e, dentro dela, um recorte em relação às ilhas do Guaíba. Tem-se discutido a reconstrução das casas, a dificuldade em convencer as pessoas a saírem das áreas de risco, o uso de modelo construtivo mais resistente às enchentes. Mas o que se ouviu sobre os depósitos de lixo resultantes da falta de um projeto adequado de reciclagem? Quem passa na BR-116 e olha para os dois lados da rodovia ainda enxerga restos de lixo pendurados às árvores nessa que deveria ser uma área de preservação ambiental.
No chão, acumulam-se toneladas de lixo que nunca deveriam ter ido parar nas ilhas, junto às casas, mas são a forma de sustento de centenas de famílias. Por que não foram direto para um galpão de reciclagem? Porque falta uma política adequada de tratamento de resíduos e nenhum candidato apresentou uma proposta com começo, meio e fim.
A destinação do lixo, de um modo geral, foi tratada de forma superficial. Isso não só em Porto Alegre, mas nas principais cidades, como se fosse um não problema. Ou como se fosse razoável continuar com esse sistema em que centenas de caminhões fazem centenas de quilômetros por semana para levar o lixo das cidades até um aterro sanitário. Por que não transformar lixo em energia?
E o que dizer das árvores? A cada temporal, as cidades perdem um pouco da sua alma com a queda de árvores antigas, que nem sempre são repostas. Porto Alegre vive entre a sanha de cortar tudo o que possa, mesmo de longe, ameaçar a fiação elétrica e o deixar tudo como está para não precisar discutir uma política adequada de podas.
Nas cinco cidades em que existe a possibilidade de segundo turno (Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria), teremos mais três semanas de campanha para aprofundar os temas que até aqui só foram tangenciados. Talvez aí os candidatos possam se aprofundar nos temas em que se omitiram e, quem sabe, discutir outros que nem foram abordados, como a poluição visual, o estado das calçadas, a conservação de prédios públicos e o combate às malditas pichações.
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