Em março de 2010, na mesma Federasul onde falou na última quarta-feira (21), o economista Aod Cunha fez um alerta baseado em dados: o Rio Grande do Sul não estava aproveitando o “bônus demográfico” para aumentar a produtividade. O que isso queria dizer? Que em poucos anos o Estado começaria a envelhecer e teria dificuldade para atender à demanda por mão de obra qualificada. Disse mais: que em 2027 o Rio Grande do Sul veria sua população começar a diminuir.
Passaram-se 14 anos entre aquela profecia e a divulgação do estudo do IBGE sobre o envelhecimento do Brasil, com a redução da natalidade. O que diz o relatório: que a população gaúcha começará a cair e que a pirâmide vai mudar de formato, com menos jovens na base para sustentar a população idosa cada vez mais numerosa.
Aod tinha recém voltado de uma temporada de estudos na Universidade de Columbia. Não estava fazendo previsões com base no que via em bola de cristal, mas nas estatísticas: com a redução do número de filhos por casa, em pouco tempo o Estado seguiria o caminho de países como Japão, França Alemanha e outros em que a natalidade não alcança a taxa de reposição.
Nos anos seguintes, nas conversas com empresários e nas reuniões das empresas das quais é conselheiro, Aod seguiu pregando a necessidade de aproveitar o tal bônus demográfico. Poucos o escutaram.
E agora, o que fazer?
Agora que a bolha está prestes a estourar, os formuladores de políticas públicas precisarão pensar cada vez mais em como garantir aposentadoria, serviços de saúde e assistência social para uma população que vive cada vez mais, com cada vez menos jovens disponíveis no mercado de trabalho.
As prefeituras (e aqui vai uma sugestão para os candidatos a prefeito) terão de pensar em casas de convivência para idosos, como já se faz em países da Europa. Os especialistas não gostam da palavra, mas é uma espécie de creche para os velhinhos, que passariam o dia sob cuidados e voltariam para casa à noite, de forma que os filhos possam sair para trabalhar.
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