Quem viu o Guaíba sair do leito, invadir o Cais Mauá, furar o bloqueio das comportas e avançar pela cidade imaginou que o projeto de revitalização do antigo porto tinha sido levado pela enchente de maio. O silêncio do consórcio Pulsa RS ajudou a reforçar essa percepção, mas o projeto não está morto.
O porta-voz do consórcio, Sérgio Stein, procurou o governo nesta semana para reafirmar o interesse pela concessão, desde que se discutam alterações à luz dos estragos provocados pela enchente.
O grande atrativo no leilão era a entrega da área das docas em troca dos investimentos na reforma dos armazéns, estimados em R$ 353,3 milhões. O Pulsa RS ficaria responsável pela gestão do Cais por 30 anos. Ao final desse período, o espaço seria devolvido ao Estado com as benfeitorias realizadas. Na área das docas, a empresa poderia construir prédios comerciais e residenciais para se ressarcir dos investimentos na parte pública, que é tombada pelo patrimônio histórico.
Quando a enchente começou, estava correndo o prazo para assinatura do contrato, depois de a empresa apresentar todos os documentos exigidos e pagar o “sinal” que perderia se desistisse do negócio. Com a decretação de estado de calamidade, todos os prazos foram suspensos.
O secretário Pedro Cappelupi, que cuida da reconstrução do Estado e das parcerias estratégicas, acredita que será possível dar andamento ao projeto, com adequações. Seria necessário reequilibrar a equação econômico-financeira para manter a concessão atrativa e é isso que está em discussão com a Pulsa RS.