Diante de dezenas de manifestantes, boa parte deles agricultores que vieram em caravanas do Interior, empresários e políticos se revezaram em carro de som na frente do Palácio Piratini nesta segunda-feira (1º) para protestar contra o aumento de impostos. Com discursos inflamados, os líderes repudiaram tanto o corte de incentivos fiscais como a proposta de elevar o ICMS.
— Não se negocia por intimidação. Esse é um momento histórico e simbólico. Estamos abrindo mão das nossas divergências ideológicas. Eu não vejo pessoas de esquerda e de direita. Vejo mães, pais, cidadãos lutando por um futuro melhor — disse o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, apesar da ausência de políticos de esquerda na manifestação.
Primeiro a discursar, Sousa Costa pediu aos líderes que assumiriam o microfone na sequência para que mantivessem “compostura”, sem “ataques pessoais” e sem referências ao presidente Lula e ao ex-presidente Jair Bolsonaro para evitar a divisão e focar a energia na pauta dos impostos. Apesar disso, alguns deputados como o presidente estadual do PL, Giovani Cherini, ignoraram o apelo.
— O governador Eduardo Leite deveria aprender com Jair Bolsonaro, que baixou impostos —afirmou Cherini, aplaudido pelo público.
O presidente da Federação das Associações Gaúchas do Varejo, Vilson Noer, lembrou da reunião da última quarta-feira (27), quando um grupo de entidades empresariais propôs que o governo retome a proposta de elevar a alíquota básica de ICMS de 17% para 19%. Noer discorda da inciativa das entidades lideradas por Nei Mânica, presidente da Cotrijal.
— O Estado é muito caro, o custeio é muito alto. Os poderes estão se auto remunerando. A receita do governo já está aumentando e muito, e as safras vão aumentar mais. Não é necessário aumentar imposto — ressaltou Noer.
Durante o ato, manifestantes receberam e usaram narizes de palhaço, de plástico vermelho. Alguns exibiam também bandeiras do Brasil. Entre os manifestantes surgiram cartazes associando o aumento de impostos à elevação do desemprego. No carro de som, uma faixa fazia alusão ao 1º de abril, o conhecido Dia da Mentira.
“1º de abril. Quando 11 milhões de gaúchos foram enganados por um político que se elegeu prometendo que não aumentaria impostos”.
O presidente do Sindilojas, Arcione Piva, sugeriu que se taxe produtos estrangeiros, que prejudicam o varejo
Até as 16h30min, além de Sousa Costa e Cherini, haviam se revezado pelo microfone os deputados estaduais Capitão Martim (Republicanos), Felipe Camozzato (Novo), Kelly Moraes (PL), Paparico Bacchi (PL) e Rodrigo Lorenzoni (PL), o deputado federal Marcel van Hattem (Novo) e as vereadoras da Capital Comandante Nádia (PL), Fernanda Barth (PL), Tiago Albrecht (Novo) e Jessé Sangali.
Embora concordem na crítica ao aumento de ICMS e à retirada de benefícios fiscais, deputados e vereadores de esquerda optaram por não dividir o palanque com os empresários de políticos da direita.