O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Após o anúncio de que o Estado já não atinge mais o limite de gastos com pessoal, sindicatos e associações de servidores públicos aumentaram a pressão sobre o Palácio Piratini por reajustes salariais. Sem a vedação imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal, as entidades avaliam que agora é o momento de o governo apresentar uma proposta de reposição da inflação acumulada nos últimos anos.
Ainda na quarta-feira (31), mesmo dia em que a Secretaria da Fazenda divulgou o relatório sobre as finanças estaduais, a Associação dos Delegados de Polícia (Asdep) encaminhou ofício solicitando reunião com o governador Eduardo Leite para tratar de reajuste dos subsídios.
Embora a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, já tenha alertado que o Estado não tem condições de dar aumento superior a qualquer índice inflacionário, o presidente da Asdep, Guilherme Wondracek, afirma que os policiais civis querem reajuste de 40% parcelado em três anos.
Wondracek fala em "descontentamento muito grande" entre os policiais e diz que os salários da corporação estão defasados em relação a outros Estados do país.
— A escassez seletiva incomoda os delegados. E nos incomoda essa propaganda tremenda (do governo) com os dados da segurança pública sem ter o reconhecimento — argumenta Wondracek.
Presidente do Sintergs, sindicato que representa os servidores de nível superior, Nelcir André Varnier reclama das desigualdades salariais entre diferentes categorias. Varnier defende a reestruturação de carreiras para recompor perdas salariais estimadas em 60% nos últimos dez anos.
— Se for revisão geral (o mesmo percentual para todo o funcionalismo), não vai recuperar as perdas da nossa categoria, dos nossos segmentos. As discrepâncias com a revisão geral vão permanecer, o abismo vai continuar. É preciso reestruturar carreiras — sustenta.
Presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado (Fessergs), Sérgio Arnoud defende a revisão geral de salários, mas também pleiteia a reestruturação de carreiras para funcionários da saúde, de escolas e do quadro geral.
— Todas as categorias necessitam (de reposição) e nunca deixamos a reivindicação de um reajuste geral. O governo vem sinalizando que prefere analisar a partir da realidade das categorias, as que mais sofreram, as que estão com realidade salarial mais comprimida. Temos o pleito de reajuste salarial. Se aplicar linearmente, vai haver desigualdade — pondera Arnoud.
Diálogo
Procurado pela coluna, o Piratini adota tom cauteloso, mas demonstra abertura para o diálogo. Questionado se o governo escolherá o caminho da revisão geral ou se negociará a situação das categorias caso a caso, o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, tergiversou:
— Existe espaço para diálogo e identificar o que e como é possível avançar dentro dos limites legais e de responsabilidade. Teremos um caminho de permanente diálogo construtivo — sinaliza Lemos.