Uma coisa é criticar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, contestado dentro e fora do seu país. Outra, é fazer o que o presidente Lula fez e comparar a guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto. Essa banalização do extermínio de judeus por ordem de Adolf Hitler acaba falseando a perspectiva histórica do que foi o regime nazista.
É legítimo defender o direito dos palestinos a ter sua pátria e condenar Netanyahu pelos excessos na Faixa de Gaza, mas não se pode perder de vista que o Hamas é um grupo terrorista que desencadeou a reação de Israel após os atentados de 7 de outubro. Não fossem os sequestros e assassinatos naquela madrugada sangrenta e Israel não teria motivo para invadir Gaza.
Ninguém há de considerar aceitável a morte de milhares de crianças na Faixa de Gaza, vítimas colaterais da guerra com o Hamas. A comparação com o Holocausto, no entanto, foge à razoabilidade, seja porque Hitler transformou o Estado alemão numa máquina de extermínio de judeus, seja porque declarou guerra aos países vizinhos em sua sanha pela dominação da Europa.
Que Lula discurse em defesa do fim da guerra (dessa e de outras, como a da Ucrânia, que também mata civis), é seu papel como Chefe de Estado. Mas o presidente brasileiro não pode praticar a indignação seletiva e escolher seus malvados favoritos.
A propósito de “indignação seletiva”, já passou da hora de Lula condenar também os ataques sistemáticos de Nicolás Maduro a quem lhe faz oposição na Venezuela. Depois de ter relativizado a democracia na América Latina, como se as eleições na Venezuela não fossem viciadas desde os tempos de Hugo Chávez, Lula faz de conta que não vê o que Maduro vem fazendo para se perpetuar no poder.