Em meio à crise que envolve a regulação estadual do Samu, revelada pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI), dois técnicos do Ministério da Saúde estiveram em Porto Alegre nesta segunda-feira (4) para uma reunião com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann. A reunião, com a presença Karine de Lima e Silva, consultora técnica, e Felipe Augusto Reque, coordenador geral de urgência do Ministério da Saúde, ocorreu no próprio Departamento de Regulação. De parte do governo do Estado, participou também o diretor do Departamento de Auditoria do SUS, Bruno Naundorf.
Em pauta, a forma como a Secretaria da Saúde conduziu a crise gerada a partir da denúncia do GDI de que médicos responsáveis pela regulação do Samu descumpriam a carga horária e faziam escalas próprias, com prejuízo no atendimento.
Reque disse que o Ministério da Saúde quer saber quais as condutas adotadas pelo Estado para corrigir e garantir que a população esteja sendo atendida da melhor forma possível.
— Vamos monitorar isso junto com a Secretaria do Estado e garantir que as medidas sejam adotadas no tempo mais breve possível — disse Reque, segundo informações da assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde.
Arita definiu a visita como “muito importante”, porque permitiu o diálogo sobre diversas possíveis ações:
— O atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência está fechando 20 anos de relevantes serviços à população gaúcha e neste sentido tratamos de alguns pontos importantes, como a ampliação de bases de atendimento do Samu. O ministério está junto conosco para que possamos dar ao Samu o seu verdadeiro sentido, dar condições para o seu pleno funcionamento, que é atender a urgência e emergência no Rio Grande do Sul.
Na reunião, foram ainda apresentados alguns indicadores do serviço no Estado, que demostram que o tempo de resposta do Samu 192 no RS diminuiu em mais de 30% nos últimos anos. Os dados são referentes ao período de janeiro a julho deste ano, o que representa uma diminuição de mais de oito minutos em relação aos últimos anos. Conforme os registros na linha do tempo do sistema, em 2018, as chamadas chegavam a mais de 30 minutos para serem efetivadas. A partir do ano de 2019, o tempo começou a diminuir, tendo, porém, apresentado um pico de elevação durante a pandemia, chegando a 27 minutos e 6 segundos, em abril de 2021.
Entenda a farra nas escalas do Samu
Desde o final de agosto, o Grupo de Investigação (GDI) do Grupo RBS vem mostrando como um grupo de médicos reguladores da central estadual do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) descumpriam suas cargas horárias de trabalho. Todos os citados atuam ou atuavam na central que fica em Porto Alegre e atende ligações de 269 cidades gaúchas. O foco dos descumprimentos está nos turnos da noite e da madrugada. Os profissionais que deveriam trabalhar 12 horas, entre 19h e 7h, atuam um terço ou menos desta carga. Mas eles recebem salários integrais, com abonos no relógio-ponto. Desde o início da série de reportagens, o governo estadual abriu uma comissão de sindicância para investigar a situação, além de afastar dos cargos o diretor de Central de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS), Eduardo Elsade, e o coordenador do Samu estadual, Jimmy Luis Herrera Espinoza.