Passou rápido: em um ano, o Brasil estará de novo mergulhado numa eleição, talvez a mais importante de todas, porque se trata de escolher prefeitos e vereadores. São eles que cuidam dos problemas das cidades e, cada vez mais, os municípios serão protagonistas das políticas públicas.
Tome-se o caso da educação, essa que todos os candidatos anunciam como prioridade número 1. O governo do Estado já deixou claro que a municipalização do Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º ano) é um caminho sem volta. Logo, não podemos aceitar que os candidatos se apresentem com discursos genéricos, desconectados da realidade. Caberá aos eleitores e a nós, jornalistas, extrair dos candidatos planos concretos para traduzir o discurso da prioridade em roteiro do que farão se forem eleitos. E como a educação é um processo que começa na primeira infância, há que se cobrar dos candidatos planos para não só atender à demanda por vagas na Educação Infantil, como para qualificar essa etapa tão importante do desenvolvimento das crianças.
O eleitor deverá prestar mais atenção à biografia dos candidatos e a seus projetos para melhorar a vida da comunidade do que à disputa ideológica que leva do nada a lugar algum. Discussões sobre temas que são de responsabilidade do Congresso não cabem numa campanha municipal. Não interessa se o candidato a prefeito é contra ou a favor do casamento homoafetivo, se não cabe a ele decidir sobre esse e outros temas de costume.
O que o eleitor precisa levar em conta não é o que o candidato pensa sobre família, linguagem neutra ou exploração de Marte, mas como pretende resolver o problema da saúde, da falta de moradia, do esgoto que corre a céu aberto (se ainda não há saneamento), do plano diretor, das ruas esburacadas. Cada cidade tem suas mazelas específicas e ninguém melhor do que os moradores para saber o que precisa ser feito.
Em relação aos vereadores é preciso ficar ainda mais atento. Todo cuidado é pouco com os vendedores de ilusão, como aqueles que prometem empregos, ambulâncias ou caminhões de bombeiros. São comuns as promessas do tipo "não vou permitir pedágio nas estradas estaduais" ou "vou reativar as ferrovias". O papel do vereador é bem delimitado: propor e votar leis municipais, fiscalizar o executivo e fazer a ponte entre as demandas da comunidade e o poder público. O resto é pirotecnia e precisa ser combatido para que a cidade não vire uma Sucupira, a cidade fictícia de Dias Gomes.