O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Tanto nas visitas a cidades destruídas pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul quanto em reuniões de trabalho em que se discutem ações para a recuperação dos municípios, o governador Eduardo Leite tem manifestado uma preocupação em particular: o receio de que a burocracia característica do setor público trave a liberação de dinheiro e equipamentos necessários para a reconstrução.
Essa aflição foi expressada pelo governador nas vistorias a Muçum e Roca Sales, no Vale do Taquari, reforçada na reunião com o secretariado, na noite de quarta-feira (6), e repetida na manhã desta sexta-feira (8), em encontro com prefeitos da Serra.
O temor é de que ritos legais, como o preenchimento de formulários, a prestação de informações e o envio de documentos e planos de trabalho atrasem a destinação das verbas prometidas pelo governo federal. Em muitos casos, prédios públicos foram comprometidos pela enchente, documentos se extraviaram e muitos servidores públicos foram afetados pela inundação.
A seus secretários, Leite pediu que "não se deixem resignar pela burocracia" para a liberação de recursos. Por solicitação dele, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tem uma equipe de prontidão para a elaboração de pareceres que conferem base jurídica para contratações emergenciais.
Em paralelo, o governador pediu a ministérios do governo Lula que cedam servidores públicos para atuar na área técnica, para que possam facilitar os trâmites de documentos e processos administrativos.
— Tenho pedido aos ministros para aliviar a burocracia. Sabemos que há disponibilidade de recursos, boa vontade, mas é importante ter uma força-tarefa para vencer a burocracia. São dados, planilhas, planos de trabalho e tudo mais. Se a gente deixar, a burocracia nos consome e a vida das pessoas continua afetada — disse Leite, em Bento Gonçalves.
Aliás
Eduardo Leite foi aplaudido por prefeitos da serra gaúcha quando disse que, se a liberação dos recursos federais emperrar, o governo do Estado vai garantir as verbas para a recuperação das cidades.
— Se começar a ser encrenca demais, não vamos deixar de colocar os recursos — prometeu.