O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Está sendo alvo de intensa discussão em Canela, na Serra Gaúcha, a proposta da prefeitura municipal de vender um imóvel público em troca construção de um novo centro de convenções. O projeto de lei que autoriza a permuta está tramitando na Câmara de Vereadores e será tema de audiência pública nesta quarta-feira (15).
Em síntese, a administração municipal pretende alienar a área de 10 mil metros quadrados conhecida como Centro de Feiras. Com o recurso, seria construído o novo Centro de Convenções e Congressos da cidade na área do Parque do Palácio, reduto verde de 9,1 hectares localizado nas proximidades do Palácio das Hortênsias.
A área do parque foi cedida ao município em 2010 pela então governadora Yeda Crusius, com o compromisso de que a prefeitura erguesse no local um novo centro de convenções, o que nunca aconteceu. No ano passado, o comitê gestor de ativos do Estado deu prazo de dois anos, a contar do início de 2023, para a utilização da área.
A edificação, que teria capacidade para receber cerca de três mil pessoas, é uma demanda do setor turístico do município, que visa atrair eventos de médio e grande porte.
O secretário de Governança, Planejamento e Gestão de Canela, Gilmar Ferreira, afirma que o prédio ocuparia aproximadamente dois mil metros do parque.
— É uma área que, se não for utilizada para o centro de eventos, fatalmente vai voltar para o Estado e ser vendida, porque está na área central da cidade — argumenta o secretário.
Por outro lado, a intervenção no parque enfrenta rejeição. A resistência é capitaneada pelo movimento Amigos do Parque do Palácio, que reivindica a preservação do espaço como um local de lazer, sem intervenções comerciais. Para isso, o grupo defende a alteração na lei estadual que formalizou a cessão do espaço, para excluir a obrigatoriedade da construção do centro de eventos.
Integrante do coletivo, Isabel Scheid ressalta que o espaço é um dos poucos em área urbana em que está preservada a vegetação típica dos Campos de Cima da Serra.
— A lei está vigente há 12 anos. Nesse período, o contexto todo mudou e Canela foi uma das cidades que mais cresceram em termos populacionais. Se antes tínhamos muitas áreas verdes, agora temos cada vez menos, e a perspectiva não é muito positiva considerando a liberalidade com que são feitos os licenciamentos aqui — avalia Isabel.
Segundo ela, o coletivo já apresentou um projeto alternativo de uso do parque à prefeitura, mas a ideia foi desconsiderada por não conter o centro de eventos no planejamento.
Em 2018, a prefeitura de Canela tentou conceder a área para a iniciativa privada e chegou a enviar projeto para a Câmara de Vereadores, mas a iniciativa não foi votada diante da resistência do movimento.