Com seis filhos biológicos (cinco adultos e a caçula Helena, de oito anos), o ex-ministro Eliseu Padilha, que morreu na segunda-feira (14), deixa como herdeiro político um jovem com quem não tem laços de sangue: o vice-governador Gabriel Souza (MDB). Padilha conheceu Gabriel militando na Juventude do MDB, em Tramandaí, e identificou nele um talento raro para a política. Quando se elegeu deputado federal, convidou o estudante de Veterinária de 19 anos para trabalhar em seu escritório em Porto Alegre. Nunca mais se afastaram.
Gabriel considera exagero dizer que é o herdeiro político de Padilha. Diz que ele não é o único:
— Um dos principais legados de Padilha foi a formação de líderes. Ele sempre estimulou os jovens a fazerem política e eu fui um deles.
Na presidência da Fundação Ulysses Guimarães, o ex-ministro criou um programa nacional de formação de líderes e chegou a ter 200 mil pessoas estudando na modalidade ensino à distância. Desses cursos saíram vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais.
— Para mim não é nenhuma surpresa a trajetória de Gabriel. Desde muito jovem, ele é um cara que estuda e estuda muito. Nunca fala de um assunto sem ter se apropriado dele — disse Padilha à coluna quando o pupilo assumiu a presidência da Assembleia Legislativa.
Antes mesmo da formação da chapa encabeçada por Eduardo Leite (PSDB) com Gabriel na condição de vice para a eleição de 2022, Padilha já dizia que considerava os dois “os quadros mais promissores da nova geração no Rio Grande do Sul”. E acrescentava:
— Gabriel é um homem de palavra. Se assume um compromisso, pode ter certeza de que irá cumprir. Com esse perfil, tenho certeza de que ele vai longe. Pode chegar a qualquer lugar.
Na eleição, Padilha trabalhou pela candidatura própria de Gabriel ao Piratini. Achava que ele tinha chance de vencer a eleição aliado ao PSD, com Ana Amélia Lemos concorrendo ao Senado, mas o MDB nacional preferiu a coligação com Leite.
Após o resultado da convenção que aprovou a aliança com o PSDB, Padilha embarcou na campanha, contrariando a velha guarda do MDB, e foi fundamental para a vitória. Ia todos os dias ao comitê. Era dos primeiros a chegar e dos últimos a sair. Passava o dia em contato com líderes da base, identificava problemas que precisavam ser resolvidos e traçava estratégias.
Aos companheiros do MDB, a esposa de Padilha, Simone Camargo, contou que ele parecia ter renascido com a campanha, depois de um longo período doente. Além do mieloma múltiplo, que o obrigara a fazer um autotransplante de medula em 2019, o ex-ministro enfrentou um quadro severo de depressão.
Entre o final de 2022 e o início de 2023, parecia curado. Assistiu às posses de Leite e Gabriel, de Vilmar Zanchin na presidência da Assembleia e de Ernani Polo na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. A pedido do presidente do MDB, Fabio Branco, coordenou o preenchimento dos cargos do partido no governo.
Reforma tributária
Com 49 votos favoráveis e nenhum contrário, a Assembleia Legislativa aprovou a criação da Comissão Especial para Debater a Reforma Tributária, proposta pelo deputado Miguel Rossetto (PT).
A comissão deve ser instalada em 10 dias. Para abrir os trabalhos, Rossetto quer trazer o economista Bernard Appy, secretário especial para a reforma tributária no Ministério da Fazenda. Depois disso, começam os roteiros por diferentes regiões do Estado.