Desde a campanha eleitoral, o governador Eduardo Leite repete que as três prioridades dos seu segundo mandato são educação, educação e educação. E que isso significa investimento na estrutura física das escolas, em capital humano e em tecnologia, para tornar as aulas mais atrativas. Esse discurso é repetido por outros membros do governo e a secretária da Educação, Raquel Teixeira, prometeu uma lista de escolas que teriam prioridade na reforma.
Às vésperas do reinício das aulas, a reportagem de GZH tenta saber que escolas são essas, mas mostrar como estão as obras e o que as crianças vão encontrar no dia mágico em que recomeça o ano letivo. Em vão.
Há poucos dias, a deputada Sofia Cavedon (PT) fez um périplo por gabinetes de autoridades mostrando as escolas com problemas e o estágio das obras. O Palácio Piratini desdenhou do relatório. O governo divulgou uma breve nota dizendo que “o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, e a secretária de Obras Públicas, Izabel Matte, receberam da deputada Sofia Cavedon um relatório sobre como estão as reformas em escolas da rede estadual de ensino. As informações já são de conhecimento do governo, tanto que há encaminhamento do assunto”.
Por certo que “são de conhecimento do governo". Afinal, para isso existem as Coordenadorias Regionais de Educação, os diretores, os professores, os funcionários de escola e centenas de pessoas na estrutura do Estado envolvidas com as reformas que aos olhos da comunidade parecem intermináveis.
Por que não dar transparência ao que está sendo feito? Por que não mostrar em que pontos algumas emperraram? Por que fazer mistério sobre um tema deveria ser abordado sem ressalvas? É verdade que o papel do jornalista é ir a campo – e a reportagem de GZH está fazendo isso – mas não custaria nada as secretarias de Obras e Educação mostrarem quais são as escolas em reforma, como andam as obras, quais os obstáculos enfrentados, como serão atendidas as crianças se os prédios não oferecem condições de recebê-las na volta às aulas.
Leite não pode reclamar de herança maldita, porque o governo é de continuidade. Ele anunciou as obras quando lançou o Avançar na Educação. Disse que dinheiro havia. Logo, nada justifica o mistério.
Antes, atribuía-se a demora à lerdeza da Secretaria de Obras. Leite indicou uma secretária conhecida pela eficiência. O novo governo vai completar 45 dias, mas teve quatro anos antes. Por que não divulgar o cronograma?
Aliás
O Rio Grande do Sul lançou em 2022 um Pacto pela Educação, mas quase um ano depois não são visíveis os resultados, apesar do empenho dos organizadores e das adesões de empresários, educadores e autoridades. Com o reinício do ano letivo, é hora de unir forças para elevar a régua da educação no Estado.