Cultivado desde o final do ano passado e alimentada durante todo o período pré-eleitoral, o conflito interno que fraciona o MDB do Rio Grande do Sul foi exposto novamente nos últimos dias. O apoio do prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo e de seu grupo a Onyx Lorenzoni (PL), oficializado na quinta-feira (20), ampliou o clima de cisão do partido. A divisão já estava escancarada desde a convenção, em que a aliança com Eduardo Leite (PSDB) foi aprovada por escassa margem de votos.
A simpatia de Melo pelo candidato do PL era conhecida, mas o movimento de contrariar publicamente a decisão partidária mexeu com os brios de correligionários.
Incomodados com as expressões "MDB do bem" e "MDB ético", utilizadas por Onyx na quinta-feira para descrever o grupo que o apoia, deputados e dirigentes engajados na campanha de Leite utilizaram as redes sociais em um movimento combinado para responder ao adversário.
"Nosso partido carrega a Democracia no próprio nome. Os companheiros leais respeitam as decisões internas. Não traem nossa história, convicções e valores", escreveu o deputado Vilmar Zanchin.
A Juventude do MDB também distribuiu um vídeo-manifesto rejeitando a dissidência e reforçando suporte a Leite.
Do outro lado, o vereador Cezar Schirmer, que lutou contra a aliança com Leite e acompanhou Melo no apoio a Onyx, publicou o vídeo de seu discurso no ato, em que ataca os aliados do tucano:
—Se comprometeram com o pior da política: a fisiologia, o interesse subalterno, o propósito escuso, os cargos, as vantagens e os benefícios pessoais.
A exaltação de parte a parte se justifica porque o resultado desta eleição traçará o futuro do MDB no Rio Grande do Sul para os próximos anos.
Se a vitória for de Eduardo Leite, Gabriel Souza se tornará vice-governador e candidato natural à sucessão em 2026, prestigiando aqueles que hoje estão ao seu lado.
Em caso de triunfo de Onyx, a ala que está com ele é que tende a ganhar mais espaço no governo, poder e projeção.
Boa audiência
De acordo com a última pesquisa Ipec, divulgada na sexta-feira, é considerável a audiência da propaganda eleitoral no Rio Grande do Sul. Dos 1,2 mil entrevistados, 68% relataram já ter ouvido no rádio ou assistido na televisão o horário eleitoral. Os outros 32% disseram não ter acompanhado a propaganda.
Toque de recolher
A campanha de Onyx Lorenzoni terá de recolher camisetas distribuídas a cabos eleitorais com o número do candidato e o slogan de campanha "Deus, Família, Pátria, Liberdade". A decisão é da desembargadora Elaine Maria Canto da Fonseca, do Tribunal Regional Eleitoral, no âmbito de ação movida pela coligação de Eduardo Leite.
No despacho, a magistrada considerou que as camisetas estão em desacordo com o que disciplina resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Efetividade
É para valer o apoio do deputado Luiz Fernando Mainardi (PT) a Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno. Mainardi participou de caminhada de apoio à candidatura presidencial de Lula (PT), em Bagé, no sábado, com um adesivo do tucano no lado direito do peito. O de Lula estava no lado esquerdo.
Na tela
As campanhas de Lula e Jair Bolsonaro – especialmente a do último – pesaram a mão na contratação de anúncios na plataforma YouTube.
Voto em Lula
A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, abriu voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Ela compartilhou nas redes sociais um card em que Lula aparece ao lado do vice, Geraldo Alckmin (PSB) e da ex-candidata Simone Tebet (MDB). Ao fundo, estão os tucanos Fernando Henrique Cardoso e José Serra, além Ciro Gomes (PDT), Roberto Freire (Cidadania) e Marina Silva (Rede).
Raquel foi deputada federal pelo PSDB-GO.
Gesto de apreço
Durante a entrega da Medalha da 55ª Legislatura Medalha ao Hospital Moinhos de Vento, proposto pela deputada Zilá Breitenbach (PSDB), na semana passada, o presidente da Assembleia, Valdeci Oliveira (PT), fez um desagravo à colega, que não conseguiu se reeleger:
— É uma pessoa absolutamente dedicada e determinada. Eu tenho muito carinho e orgulho de trabalhar há muito tempo com ela. Uma pena que às vezes a sociedade não reconhece isso. O Rio Grande do Sul e a Comissão de Saúde perdem uma grande militante.
Zilá, que ficou com a segunda suplência da federação PSDB/Cidadania, disse que seu perfil moderado foi um fator determinante para ela não ter conseguido conquistar o quinto mandato.
— Fui leal aos meus princípios e ao que acredito e fiquei à margem desse radicalismo político que projetou muitos deputados. Não tenho dúvidas de que isso pesou.