A expressão “sem mel nem porongo”, usada no Rio Grande do Sul como sinônimo de “sem mel nem cabaça”, aplica-se ao ex-juiz Sergio Moro, que nesta quinta-feira (30) recebeu o título de “cidadão emérito de Curitiba”, homenagem aprovada há seis anos, quando estava no auge da popularidade conquistada na Lava-Jato. Desde que despiu a toga e se aventurou na política, como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Moro bate cabeça e agora corre o risco de não poder concorrer nem mesmo a senador pelo Paraná.
A intenção inicial era concorrer a presidente. Filiou-se ao Podemos com pompa e circunstância, pelas mãos do senador paranaense Álvaro Dias. Passou alguns meses recebendo salário e tendo as viagens custeadas pelo partido. Da noite para o dia, mudou para o União Brasil, na expectativa de ser candidato a presidente, mas os novos companheiros rechaçaram a candidatura com o argumento de que ele era bem-vindo, mas não podia disputar a Presidência. Falou-se em concorrer a senador por São Paulo ou a deputado, o que ajudaria o UB a aumentar sua bancada, mas foi barrado pela Justiça Eleitoral por não conseguir comprovar domicílio em São Paulo.
Sendo morador de Curitiba, onde votou nas últimas eleições, o ex-juiz passou à condição de pré-candidato a senador. Concorrendo com Álvaro Dias, aparece em primeiro lugar nas pesquisas, mas uma nova pedra apareceu agora em seu caminho. De acordo com o site Gazeta do Povo, de Curitiba, um documento protocolado no diretório estadual do União Brasil por Cristiane Mesquita, uma filiada bolsonarista sem mandato, sustenta que Moro não tem condições legais de concorrer. A alegação é de que o ex-juiz filiou-se ao diretório de São Paulo e, portanto, não pode disputar a eleição pelo Paraná.
A advogada de Cristiane anexou uma decisão do Tribunal Superior Eleitoal mostrando que o candidato deve ser filiado ao diretório do Estado em que pretende concorrer. O prazo para troca de domicílio eleitoral terminou em 1º de abril.
Moro virou desafeto dos bolsonaristas desde que rompeu com o presidente, deixou o governo e decidiu fazer carreira solo.