Com a queda de popularidade detectada em várias pesquisas e vendo surgir um rival no retrovisor, seu ex-ministro Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro deixou de lado o estilo paz e amor, sugestão de Michel Temer, e voltou a ser o Bolsonaro das frases radicais que mobilizam seus seguidores. Nesta quinta-feira (9), Bolsonaro reagiu com um palavrão à declaração do governador João Doria de que irá exigir o passaporte vacinal de viajantes do exterior que desembarcam em São Paulo se até o dia 15 o governo federal não o fizer.
Primeiro, o presidente elogiou um projeto aprovado em Rondônia, proibindo a exigência de comprovante de vacinação. Depois, atacou Doria sem citar seu nome:
— Outro governador, aqui da região Sudeste, quer fazer o contrário. E ameaça: "ninguém vai entrar no meu Estado…". Teu Estado é o cacete, porra. E nós todos temos que reagir. E reagir como? Protestando contra isso.
Bolsonaro voltou a dizer que não pode exigir comprovante de vacinação, porque ele mesmo não se vacinou:
— Queriam que a gente impusesse o cartão vacinal. Como eu posso aceitar o cartão vacinal se eu não tomei vacina e é um direito meu de não tomar? É o direito de qualquer um aqui.
A insistência do presidente em não adotar uma exigência que os brasileiros têm que cumprir para entrar em vários países acabou criando uma anomalia. A portaria publicada nesta quinta com as novas regras de entrada no Brasil é uma pérola do equilibrismo. Diz que quem chega do exterior por via área, seja brasileiro ou estrangeiro, precisa apresentar um comprovante de vacinação contra a covid-19, além de um teste negativo para a doença. Ou seja: exige o comprovante, mas logo em seguida abre uma brecha, ao estabelecer que o documento pode ser substituído por uma quarentena de cinco dias após chegar no país. Quem entra por via terrestre pode escolher entre a vacina ou o teste negativo.
A quarentena à brasileira exige que a pessoa se comprometa a ficar cinco dias reclusa no endereço de destino, sem frequentar pontos turísticos, restaurantes, bares, lojas ou a casa de amigos. Ao final de cinco dias, a pessoa apresentaria um teste negativo para poder circular livremente. Chance de essa quarentena ser respeitada por um negacionista das vacinas? Qualquer coisa próxima de zero, a menos que o turista acredite que no Brasil a fiscalização funciona como em Cingapura.
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