Com o avanço da vacinação, quase tudo voltou ao normal. Menos as escolas públicas. Os shopping centers e supermercados estão lotados, as crianças frequentam praças e parques, as famílias voltaram para as igrejas, os ônibus andam cheios, as viagens foram retomadas. A dois meses do fim do ano, o governo estadual anunciou o retorno presencial obrigatório às escolas, como já ocorre em outros estados e na maioria dos países. Primeira reação do Cpers, o sindicato dos professores: dizer que a medida é irresponsável.
Um dos argumentos do Cpers para condenar o retorno presencial é que os professores estão há sete anos sem receber aumento. O que tem uma coisa tem a ver com a outra? Nada. Os professores merecem reajuste salarial, até porque a inflação está comendo seu poder aquisitivo mês a mês, mas não pode ser essa uma desculpa para não retomar as aulas presenciais.
O sindicato é dos professores, mas é preciso pensar nos alunos. É inegável que as aulas remotas trouxeram prejuízo não só à aprendizagem, mas à socialização. Não há como postergar indefinidamente o retorno presencial. Em 2020, fazia sentido ficar em casa. Não tínhamos vacina e os números de casos, internações e mortes eram alarmantes. Um ano e oito meses depois, a situação é diferente.
Em 2020, a direção do Cpers dizia que só voltaria quando todos os professores estivessem vacinados. Estão. Com primeira, segunda e até terceira dose. Os alunos com mais de 12 anos receberam no mínimo uma dose. Como manter escolas fechadas por mais tempo, se as particulares estão funcionando a pleno e ficou claro que não são focos de contaminação?
O Cpers alega que as escolas estão "precarizadas”. Sim, há escolas sucateadas, mas não são todas. Se há escolas que não oferecem condições de receber alunos, é preciso apontar para que o governo seja cobrado. Aliás, esse é o papel intransferível dos diretores: mostrar o problema e exigir o dinheiro para a solução. Que os pais se mobilizem para exigir consertos, sabão, papel higiênico e tudo que uma escola necessita, em vez de cruzar os braços e manter as crianças no faz-de-conta da aula remota ou perambulando pelas ruas quando deveriam estar estudando.
Com o aumento da verba sobre a qual as escolas têm autonomia, os diretores poderão providenciar consertos sem depender de um processo interminável. A nota divulgada pelo Cpers nesta quarta-feira dá a entender que o retorno no Rio Grande do Sul só será possível se os professores receberem os 47,82% de reajuste que pleiteiam, se até os bebês forem vacinados, se as escolas não tiverem um mínimo problema de estrutura. Por essa lógica, em vez de dois anos perdidos, serão quatro, 10 ou 20.
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