Jornalista formada pela PUCRS, colunista de Política de ZH e apresentadora do programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha.

Passe sanitário

Maiores municípios do RS se dividem sobre adotar passaporte vacinal

Dentre as 10 cidades mais populosas, quatro planejam exigir comprovante de vacinação para ingresso em eventos

O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço

Adotada em diversos países para estimular a imunização contra a covid-19 e reduzir as chances de contágio, a exigência de comprovante de vacinação para permitir o acesso a determinados locais ou atividades não é consenso no Rio Grande do Sul. Dentre os 10 maiores municípios do Estado, quatro pretendem exigir o passaporte sanitário, ao menos para o ingresso em eventos e atividades públicas, quatro não planejam implementar o mecanismo e dois devem deliberar sobre o assunto nos próximos dias.

A adesão ao passe sanitário tem sido analisada nas últimas semanas pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/RS), e a discussão tende a se intensificar com a autorização do governo do Estado para o retorno do público aos estádios em competições esportivas e as novas flexibilizações das regras para eventos sociais.

O assunto é controverso e, para além da perspectiva sanitária, suscita discussões ideológicas sobre o direito individual e a responsabilidade coletiva. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro, que ainda não se vacinou contra a covid-19, classificou como um “crime” a exigência da imunização para o ingresso em bares, restaurantes e eventos em geral adotada em São Paulo.

No Rio Grande do Sul, a primeira iniciativa surgiu em Porto Alegre, onde a Secretaria da Saúde planejava adotar o passaporte para o ingresso em algumas atividades, mas a ideia foi podada pelo prefeito Sebastião Melo em julho, depois de receber apelos de vereadoras aliadas. Se foi enterrado na prefeitura, ao menos dois projetos de lei que preveem a exigência do passe vacinal começaram a tramitar na Câmara de Vereadores e ainda devem ser discutidos.

Além da Capital, Novo Hamburgo, Gravataí e Santa Maria não têm previsão de exigir o passaporte sanitário. No município da região central, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) aguarda orientação técnica para avaliar a implementação

— Não estamos tendo problema de vacinação. Enquanto nosso comitê médico não disser que temos de fazer, não vamos fazer — disse Pozzobom.

Por outro lado, a exigência do passaporte vacinal para o ingresso em determinadas atividades está alinhavada em Canoas, Pelotas, São Leopoldo e Rio Grande. Nesses municípios, as prefeituras analisam o melhor momento para colocar a iniciativa em prática e quais atividades estarão sujeitas à obrigatoriedade do documento. Em São Leopoldo e Canoas, a realização de eventos-teste com a exigência da imunização deve basear a decisão dos gestores.

— Nos eventos públicos, o passaporte é uma necessidade desse novo normal que vamos ter que aprender a conviver. E talvez seja a solução para que as casas noturnas, por exemplo, voltem às atividades plenas — avalia o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD).

Em Caxias do Sul e Viamão, ainda não há decisão sobre o passe vacinal. No município da Serra, o assunto será discutido na próxima reunião do comitê de crise. Na cidade da Região Metropolitana, o tema será avaliado junto ao Conselho Municipal de Saúde nesta segunda-feira (6).


Aliás

Em São Leopoldo, o prefeito Ary Vanazzi (PT) exigiu, por decreto, que todos os servidores públicos, cargos comissionados e estagiários se vacinem contra a covid-19. Quem não se imunizar e não apresentar justificativas será alvo de processo administrativo e poderá ser exonerado.

Adesão de jovens preocupa

Preocupação comum entre prefeitos e secretários de Saúde do RS: a baixa adesão dos jovens à vacinação. O painel da Secretaria Estadual da Saúde registra neste domingo (5) que apenas 72% das pessoas entre 18 e 19 anos tomaram ao menos a primeira dose. Na faixa de 20 a 24 anos, o índice é de 78%. Acima dos 35 anos, todos os grupos registram adesão superior a 90%.

 —  Os idosos formavam filas às 4h da manhã para se vacinar. Os jovens, como teoricamente são menos atingidos pelo vírus, sentem-se em uma posição de certa segurança. Essa ideia temos de mudar  —  diz a secretária da Saúde de Caxias do Sul, Daniele Meneguzzi.

Governo do Estado responde para a prefeitura

Em ofício emitido na noite de sexta-feira (3), o governo do Estado reiterou que está aberto ao diálogo com municípios para a definição dos protocolos sanitários vigentes do Rio Grande do Sul.

O documento é uma resposta à nota publicada no dia anterior pela prefeitura de Porto Alegre, que acusou o Piratini de "ignorar a construção e o diálogo entre os municípios" ao anunciar o retorno de público aos estádios e um cronograma para o retorno de eventos sociais.

A nova contenda comprova que a relação entre o Piratini e o Paço Municipal está estremecida. Além das discordâncias sobre regras sanitárias, o prefeito Sebastião Melo coleciona críticas públicas ao governador Eduardo Leite. As mais recentes foram motivadas pelo programa Assistir, que muda o cálculo da verba distribuída aos hospitais, e pela proposta de regionalização do saneamento básico.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Perimetral

04:00 - 05:00