Sem dar explicações, o governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou nesta quinta-feira (17), pelo Twitter, que está deixando o PCdoB. O movimento coincide com a saída do deputado federal Marcelo Freixo (RJ) do PSOL. Os dois serão colegas no PSB, um partido de esquerda com melhor estrutura e maior capilarização no país.
Dino anunciou a saída em dois posts. No primeiro, escreveu: “Informo que pedi desfiliação ao PCdoB. Desejo êxito ao Partido na sua caminhada em defesa de uma Pátria Livre e Justa. Uma grande Frente da Esperança é um vetor decisivo para um novo ciclo de conquistas sociais para o Brasil. A tal tarefa seguirei me dedicando”.
No segundo, acrescentou: “Agradeço ao PCdoB a acolhida fraterna nesses 15 anos de militância. Diferenças que hoje temos, de estratégia e tática políticas, são menos importantes do que o meu reconhecimento ao papel histórico do partido na defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”.
Em nota, a sigla declarou que "seguirá sua jornada alicerçado em seu valioso coletivo de militantes e no seu elenco de respeitadas lideranças".
Com a saída de Dino, o PCdoB perde sua principal vitrine no país. Iniciativas do governador que conseguiu derrotar a família Sarney e conquistar dois mandatos consecutivos eram usadas pelos candidatos do PCdoB em diferentes pontos do Brasil, como fez Manuela D’Ávila em 2020, quando disputou a prefeitura de Porto Alegre.
Manuela garante que se trata de um movimento isolado e diz que vai continuar no partido:
— Eu fico no PCdoB, construindo uma solução coletiva para os nossos problemas.
Advogado, mestre em Direito Público pela Universidade Federal de Pernambuco, Dino foi juiz federal e trocou a toga pela política em em 2006, quando concorreu a deputado federal. Elegeu-se governador do Maranhão em 2014 e foi reeleito em 2018 no primeiro turno, com 59,29%, enfrentando a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), herdeira política do ex-presidente José Sarney.
O presidente do PCdoB no Rio Grande do Sul, Juliano Roso, afirma que Dino está saindo por conveniência regional, já que pretende concorrer a senador em 2022 e teria dificuldades de aliança pelo partido.
— Não houve ruptura. Temos uma excelente relação com Dino e sabíamos que ele pretendia sair se não fosse aprovada a lei que tratada da formação de federações partidárias, mas fomos surpreendidos com a decisão dele de sair antes de o projeto ser votado — declarou Roso.
O ex-deputado acredita que na eleição presidencial estarão todos no mesmo palanque:
— O PSB, como o PCdoB e o PSOL, deverá estar no palanque de Lula em 2022. Não há divergências programáticas entre nós.
Dino pode estar mirando mais adiante, em 2026, e concluído que a palavra “comunista” é uma bola de ferro no pé de quem tem projetos eleitorais mais ambiciosos — e ele os tem. Cinco anos seriam tempo suficiente para se livrar da pecha de extrema esquerda, que não combina com a sua prática administrativa no Maranhão.
Leia a íntegra da nota do PCdoB
"Acerca da desfiliação de Flávio Dino do PCdoB
Por quinze anos o governador Flávio Dino foi militante do PCdoB. Neste período, as ações e lutas conjuntas de Flávio e do Partido resultaram em grandes conquistas para os maranhenses e para o povo brasileiro. Nas fileiras do PCdoB, Flávio foi deputado federal e foi eleito e reeleito governador do Maranhão, sempre com total apoio da militância do Partido e de suas direções.
Por vicissitudes da política, ele, hoje, anunciou sua desfiliação do Partido.
O PCdoB, prestes a completar seu centenário, seguirá sua jornada alicerçado em seu valioso coletivo de militantes e no seu elenco de respeitadas lideranças. O Partido, empunhando a bandeira da frente ampla em defesa da vida, da democracia e dos direitos, continuará em oposição vigorosa ao governo Bolsonaro e construindo alternativas e saídas para o Brasil.
Brasília, 17 de junho de 2021
Luciana Santos,
Presidente do PCdoB
Executiva Nacional do PCdoB"
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